Artigo: Mulheres lideram ruptura no Partido Democrata

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Apesar de prometer uma vida cívica igualitária, os Estados Unidos vivem em contradição: como conciliar a igualdade democrática com a exclusão política de suas mulheres, às quais o voto lhes fora consistentemente negado: às brancas até 1920; e também às negras, que só votariam a partir de 1965?

A democracia americana oscila entre a apatia e a desmoralização. Mas, nem tudo está perdido, é o que se pensa vendo o quadro politico atual, no qual nenhuma figura pública tradicional escapa do clamor pelo novo.

Então, assombrado por acusações de assédio sexual, o vice-presidente de Barack Obama, Joe Biden, vê seus sonhos de chegar à Presidência em 2020 se esvaírem. Não se apaga o incêndio de recriminações à sua volta.

É a hora e a vez das mulheres, cansadas do comportamento insensível, arrogante, intolerável e grosseiro de tantos homens, principalmente dos poderosos.

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Mas, nem tudo é destruição. A política americana renova-se pela atuação de suas cidadãs, enquanto que Hillary Clinton torna-se uma página virada. No quadro atual, duas mulheres devem ser mencionadas: Lori Lightfoot e Alexandria Ocasio-Cortez. Descontadas as diferenças, elas têm um ponto em comum: nenhuma emerge das costelas de alguém como Bill Clinton.

Lori Lightfoot é a prefeita eleita de Chicago, a terceira maior cidade americana. Sua vitória veio de uma campanha contra a elite do Partido Democrata, quando enfrentou as restrições do prefeito Rham Emanuel — que fora chefe de gabinete do ex-presidente Obama. Os novos democratas não parecem ter compromisso com líderes antigos, sejam eles Clinton ou Obama.

O desempenho na prefeitura de Chicago dará a Lightfoot não só visibilidade política; servirá de teste para voos mais altos: toda cidade grande americana oferece a seus governantes um cesto enorme de problemas que demandam soluções urgentes.

A futura prefeita de Chicago reformará a polícia local. Lightfoot é autora de um relatório crítico da violência racista por parte de policiais. Chicago é uma das cidades com o maior número de homicídios per capita dos Estados Unidos.

Aos 56 anos, Lightfoot foi promotora federal e, depois, sócia de um escritório de advocacia. Seus críticos alegam que se trata de uma pessoa sem experiência administrativa, mas é justamente isso que a tornou atraente aos olhos dos eleitores.

A mídia sublinhou sua escolha sexual: é a primeira mulher assumidamente gay que governará uma grande cidade americana. Porém, o encanto principal de Lightfoot talvez esteja no enfrentamento destemido contra seu próprio partido. Ela declarou que, ao contrário do atual prefeito, não fechará escolas públicas de qualidade duvidosa, tentará redimi-las e não terceirizá-las.

Também chamada de AOC, Alexandria Ocasio-Cortez é 27 anos mais nova do que Lightfoot. É jovem, bonita, latina, alegre, bem-humorada e certamente capaz de enfrentar seus adversários que sempre a atacam nos programas noturnos da Fox News, um canal a cabo da extrema direita. Ela é do grupo Socialistas Democratas da América; trabalhou na campanha presidencial de 2018 para Bernie Sanders e surpreendeu a nação ao se candidatar contra uma raposa felpuda do partido, Joseph Crowley, que pleiteava a reeleição com fundos dez vezes maiores do que os dela.

Os que riram da audácia da jovem latina ficaram de queixo caído com sua vitória que foi também a aprovação de um filosofia socialista de governo. Seu socialismo é, a rigor, moderado e propõe o ensino universitário público e gratuito; universalidade do atendimento médico que seria financiado por impostos; aumento da alíquota de imposto de renda para 75% no caso dos que tenham renda acima de 10 milhões de dólares; aumento do salário mínimo que permita a sobrevivência; emprego garantido pelo governo federal e uma transformação radical das fontes de energia, dando prioridade ao que for autossustentável. Os direitistas fazem de tudo para desqualificá-la.

Se entre os democratas a novidade vem sob a forma da ruptura, os conservadores dos dois partidos preferem a continuidade, como se vê na mesmice que liga os filhos de Donald Trump ao presidente. Quando falam ou tuítam, os jovens Trump repetem chavões que poderiam vir de qualquer um da gerontocracia republicana. Por enquanto, a esperança conservadora imediata é que o país caia em si e rejeite a novidade das mulheres presumidamente radicais nas próximas eleições de 2020.



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