Como está a sua saúde?
Está bem. Dois dos três tumores (descobertos em outubro de 2019) sumiram com a quimioterapia. O que persistiu está reduzindo com outro tratamento, a imunoterapia, que é mais longo. Devo ficar mais um ano nesse tratamento. Estou confiante.
A Vejinha entrevistou o senhor há quase um ano, ainda no hospital. Conseguiremos fazer outra entrevista, desta vez com o título “Estou curado”?
Claro, e na ocasião eu contarei o que o João Doria falou da minha meia que apareceu na capa da Vejinha. Ele me ligou para falar que não estava combinando com a roupa.
Mas era uma meia especial para conter a trombose.
Pois é. Era o João Doria sendo João Doria (risos).
Por falar no governador, um dos principais projetos da eleição em 2016 foi o programa de desestatização, mas quase nada saiu do papel. O que houve?
Avançamos em alguns deles, como a PPP da Habitação e a da Iluminação; a concessão dos ônibus, do mercado de Santo Amaro e do Pacaembu. Hoje não há governo no mundo que tenha desestatizado como a prefeitura de São Paulo.
Mas outros importantes ficaram no meio do caminho, como Anhembi e Interlagos.
Interlagos realmente ficou parado na Câmara. Mas nos próximos dias vamos lançar a concessão do Anhembi. Perdemos muito tempo discutindo com o Tribunal de Contas o valor da privatização (o TCM achou pouco o montante de 1 bilhão de reais) e vamos mudar o modelo. Serão as mesmas regras, como a disponibilização do Sambódromo alguns dias do ano para a realização do Carnaval.
Por que o modelo de “combos” para a concessão dos parques não se mostrou viável?
A ideia era oferecer um parque em área nobre junto com outros na periferia. Alguns, como Chácara do Jockey, Aclimação, Trianon e do Carmo, têm visitação suficiente e é possível avançar nesses. Não será possível avançar em todos os 100, pois muitos são lineares, com dificuldade de acesso.
Outro que não saiu como prometido foi o Parque Minhocão.
Tivemos problema no Judiciário e o processo ficou muito tempo parado. Vamos concretizar os acessos e os gradis e iniciar as obras dos elevadores ainda neste ano. Deixaremos a primeira etapa concluída e o próximo prefeito define a retomada do parque.
O plebiscito aprovado pela Câmara pode ser uma ameaça ao seu projeto?
Não é possível plebiscito em 2020, pois a legislação prevê noventa dias de antecedência. Teria de ficar para 2022. Enquanto isso, a prefeitura segue seu projeto.
Críticos dizem que o senhor não deixará uma marca na cidade. Vai ter algum legado?
Entregaremos doze novos CEUs e 48 equipamentos de saúde. Retomamos obras paradas de UPAs e finalizamos 25.000 unidades habitacionais. Abrimos também 85.000 vagas de creches. Sempre deixei claro: prefiro terminar uma fila a uma ponte.
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Por isso que as pontes e viadutos da cidade ficaram em má situação?
É um problema de décadas. Verificamos todas e várias receberam melhorias, como a de acesso à Dutra. Ali foi um trabalho preciso de prevenção que constatou um problema estrutural. Se não agíssemos, ocorreria o mesmo que aconteceu na Marginal Pinheiros. A cidade aprendeu a lição e agora teremos laudos para as pontes a cada cinco anos.
Outra crítica que o senhor recebeu foi na condução da pandemia, principalmente no quesito transporte. Houve fechamento de grandes vias e demissão do secretário Edson Caram em público.
As ações surtiram o efeito esperado, apesar de resultarem em sacrifício da população. Foram medidas corretas, e não tive medo de desgaste. Faria tudo novamente. Quanto ao Caram, dei um prazo que não foi realizado. Troquei o secretário.
A reforma do Anhangabaú era necessária? Ambientalistas reclamam da supressão de árvores.
As pessoas estão comparando uma foto da obra não concluída com uma antiga. Estamos trocando as árvores exóticas por nativas. Mas a obra é mais do que árvores. Vamos recuperar o Anhangabaú para eventos. Estimamos uma arrecadação de 250 milhões de reais por ano com eventos.
Se reeleito, que medidas práticas sua gestão fará para conter a crise econômica?
Entre 2016 e 2019, o número de moradores de rua saltou de 16.000 para 24.000. Houve outro aumento por causa da crise sanitária. Teremos ações na área de desenvolvimento econômico para retomar o crescimento, com obras. Vamos viabilizar 35.000 moradias via PPP da Habitação e continuar investindo no centro.
Quais serão as obras no centro?
Depois a gente lista, o plano está sendo preparado.
A Zona Oeste está infestada de pernilongos. Faltou atuação da prefeitura?
A gente vinha passando fumacê desde agosto. Agora pedi para reforçar. É uma operação casada com o governo do estado. A situação deve melhorar nos próximos dias.
O senhor é contra ou a favor da flexibilização da Lei Cidade Limpa, que tramita na Câmara?
Não vi a redação final para opinar, mas em tese eu sou contra. A lei é uma grande conquista da cidade.
A pergunta que mais se faz hoje em São Paulo: quando as aulas voltarão?
Impossível saber. Estamos seguindo as diretrizes da saúde e não há nenhuma previsão.
Publicado em VEJA SÃO PAULO de 23 de setembro de 2020, edição nº 2705.
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