Amor, ativismo e picuinhas: os 25 anos da Parada do Orgulho LGBT+

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“Vim para a Parada como voluntário, e ele também, em 1999. A gente ficou segurando a bandeira. Eu estava de um lado, ele do outro, ele me olhou, eu olhei para ele, e a partir disso a gente nunca mais se desgrudou.” Antes de se tornar o vice-presidente da Associação da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo (APOGLBT), em 2017, o baiano Renato Viterbo, 55, já era um dos inúmeros rostos que apareciam anualmente na Avenida Paulista.

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O evento que começou 25 anos atrás (leia mais sobre veteranos ao final do texto) e, no fim dos anos 90, reunia milhares, hoje junta milhões e se mantém como uma das maiores, por vezes — em 2006 e em 2011 — a maior, paradas LGBTQIA+ do mundo.

E foi em meio à terceira edição que Viterbo conheceu o marido, o gráfico Ricardo Marchioro, 65. “Era o meu primeiro ano. A de 1997, por exemplo, vi pela televisão. Ainda achava estranho as pessoas naquela época estarem se expondo”, admite Viterbo, que hoje cuida da organização junto da presidente, Claudia Regina.

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Renato Viterbo com o marido, Ricardo, que conheceu no desfile.Arquivo pessoal/Divulgação

Após dois anos sem o grande evento presencial, a manifestação política combinada a desfile multicolorido com jeito de balada voltará a acontecer no domingo (19), com o tema Vote com Orgulho. Em clima de eleição, esse é o terceiro mote que proclama um sufrágio consciente, depois de 2010 e 2018.

Parte do calendário oficial da prefeitura, a parada é um dos três eventos permitidos na Avenida Paulista, ao lado do réveillon e da São Silvestre. Em 2019, movimentou mais de 400 milhões de reais na cidade, de acordo com a prefeitura (veja roteiro de festas paralelas aqui). “A gente tem muita consulta de empresas querendo vir para a Parada. Mas, pesquisando, percebemos que às vezes ali não tem um trabalho de diversidade, o que não nos interessa”, observa o organizador.

A fila de anunciantes interessados foi grande para a edição de 2022, que tem expectativa de público de 3,5 milhões de pessoas, boa parte de fora da cidade. Haverá dezenove trios elétricos, com artistas como Pabllo Vittar, Luísa Sonza e Liniker, da Paulista à Praça Roosevelt.

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Apesar dos dois anos de aguardo, com edições virtuais, o retorno completo do desfile teve menos tempo de preparo do que o usual, relata Nelson Pereira, um dos sócios-fundadores da APOGLBT. “A questão era a pandemia. Ficamos na espera por causa disso. Estávamos trabalhando para ter uma forma híbrida: usar um es- paço menor e fazer via virtual.” A autorização da prefeitura para a realização presencial chegou 45 dias antes do dia de se colocarem os trios para rodar.

Sobre a recente alta do número de infectados por Covid-19, Pereira afirma que a organização fará a recomendação do uso de máscara. No quesito segurança, considerando os casos de violência ocorridos recentemente no Vale do Anhangabaú na Virada Cultural, o policiamento feito pela GCM, pela PM e por seguranças privados deve ser reforçado. “O que mais acontece é roubo de celular”, afirma. “Mas costumo dizer que a Parada é um evento seguro, e vamos continuar assim.”

Na terça (14), parlamentares simpáticos à causa LGBTQIA+ receberam ameaças por apoiarem a Parada. Na mensagem de e-mail, o autor diz que colocará uma bomba na avenida e que “muita gente vai morrer”. Quem comunicou o fato foi a deputada estadual Erica Malunguinho (PSOL). Além dela, são citados o deputado federal Alexandre Frota (PSDB) e os vereadores Thammy Miranda (PL) e Erika Hilton (PSOL). O texto cita ainda os organizadores do evento e o secretário de Justiça, Fernando José da Costa.

No último ano, 300 pessoas LGBTQIA+ foram mortas violentamente no país, segundo levantamento do Grupo Gay da Bahia.

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Cartaz da 1a Parada LGBT de São Paulo, em 1997: na época com o nome “Parada do Orgulho GLT”.Acervo APOGLBT/Divulgação

Entre passado e presente

Em um tempo em que não havia filas de anunciantes nem caravanas de diferentes cantos do Brasil, grupos pioneiros, corajosos, davam a cara a tapas nas ruas. Um deles, essencial no movimento LGBTQIA+, é o das drag queens, artistas que performam usando roupas e acessórios como perucas e maquiagens geralmente relacionados ao universo feminino.

Nomes clássicos da noite como Nany People, Salete Campari, Kaká di Polly e Silvetty Montilla estamparam as fotos da primeira edição da Parada do Orgulho GLT de São Paulo, há 25 anos, e costumam participar de quase todas as edições desde então. “Quando eu cheguei à avenida, foi uma coisa maravilhosa. Eu vi todo mundo igual a mim, lutando pela mesma causa”, diz Salete Campari, 53, que também é hostess em boates e militante da causa.

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Kaká di Polly: figurino pronto para a Parada e a foto de 1997.Leo Martins/Veja SP

Silvetty Montilla, 54, que faz shows de humor em festas e trabalha como atriz, relembra a época. “Eram poucas pessoas, foi em uma perua velha que descemos a Paulista. No encerramento, na Praça Roosevelt, me chamaram para falar — e foi a partir daí que fiquei apresentadora, por dezesseis anos”, orgulha-se. Kaká di Polly, 65, drag queen histórica da cidade, conta outro causo de 1997: “Me joguei no chão no meio das faixas da Paulista. Logo, já fizeram um isolamento e, enquanto isso, pegaram o carro e o botaram para andar”, conta.

Elogios a outras personalidades do momento, como as cantoras drags Pabllo Vittar e Gloria Groove, não faltaram quando questionadas sobre as novas gerações. Na mesma medida, as transformistas veteranas reivindicaram não serem deixadas para trás. “Quando a gente passa dos 50, 60, termina sendo esquecida em tudo”, diz Salete. Silvetty, que ficou afastada do evento por quatro anos, retorna neste domingo à Paulista. “Me convidaram novamente. É isso, pessoas novas vão entrando, a única coisa que eu acho é que se deve lembrar de quem começou tudo isso”, conta.

Em 2020, a primeira edição virtual da Parada foi envolta por uma polêmica sobre a ausência de nomes importantes na programação, como os das drags veteranas. Renato Viterbo, vice-presidente da APOGLBT, diz que houve um desencontro. “Em algum momento a comunicação se perdeu”, explica. Sobre Kaká, afirma que ela “não tem uma ligação com a associação da Parada”.

“Achei aquilo um absurdo. Você fazer parte da história, estar viva e não ser lembrada para falar dois minutos justamente por pessoas que estão à frente desse movimento”, reclama Kaká, que voltará à Paulista neste ano, com o tema Vote com Orgulho. Após declarar voto no presidente Jair Bolsonaro (PL) e depois, durante a pandemia, externar seu arrependimento, a drag afirmou à Vejinha que já está decidida. “É Lula ou Lula, a gente não tem mais opção.”

+Assine a Vejinha a partir de 12,90.

Publicado em VEJA São Paulo de 22 de junho de 2022, edição nº 2794

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