Airbnb vai abrir capital em 2020. A empresa irá melhor que Uber e WeWork?

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Depois de Uber, Slack e WeWork, vem o Airbnb. A empresa de aluguel de imóveis para estadia temporária anunciou em comunicado nesta quinta-feira 19 que está planejando uma oferta inicial de ações (IPO) para abrir seu capital na bolsa em 2020.

Em breve comunicado à imprensa, a empresa não deu mais detalhes sobre o assunto e não confirmou se já enviou a documentação necessária à SEC, comissão reguladora da bolsa de valores americana.

Nathan Blecharczyk, cofundador do Airbnb, havia dito em março que a empresa estava se movimentando para um IPO, e havia até mesmo uma expectativa de que a oferta acontecesse ainda neste ano.

Criada em 2008 em São Francisco (EUA), o Airbnb vale cerca de 31 bilhões de dólares após mais de dez rodadas de investimentos. A companhia ainda não revela números como lucro e faturamento, mas disse anteriormente à imprensa que o faturamento foi de 1 bilhão de dólares no terceiro trimestre de 2018 (o período é um dos mais movimentados em viagens no Hemisfério Norte, o que pode fazer supor que o faturamento dos outros trimestres seja um pouco menor).

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A agência de notícias Reuters informou anteriormente que a receita da plataforma em todo o ano de 2017 superou 2,5 bilhões de dólares, um aumento de mais de 50% em relação a 2016. O site de dados de startups Crunchbase também estima que o Airbnb tenha faturamento anual de 2,6 bilhões de dólares.

O Airbnb chegou a valor de mercado superior a 1 bilhão de dólares apenas quatro anos depois de sua fundação, ganhando o rótulo de unicórnio. No Brasil, a empresa abriu seu primeiro escritório em 2012, em São Paulo, mas ganhou tração sobretudo com eventos internacionais no país, como a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016. No ano passado, foram 3,7 milhões de hóspedes no Brasil.

O desafio das startups

O IPO do Airbnb viria em um momento em que outras startups de tecnologia vêm abrindo capital. Só neste ano, chegaram à bolsa nomes como Uber e Lyft, de transporte, Zoom, de videoconferências, Pinterest, rede social de imagens e Slack, de mensagens corporativas.

Essas empresas explodiram em popularidade nos últimos anos ao aplicar tecnologia a processos comuns, como alugar uma casa ou pegar um táxi. Todas foram avaliadas em bilhões de dólares antes de chegar à bolsa, mas hoje enfrentam maior ou menor grau de desconfiança por prejuízos sequenciais em seus resultados.

A WeWork, que aluga espaços em escritórios compartilhados, planejava um IPO ainda para este ano, mas deve adiar o empreendimento após o mercado questionar seus prejuízos e perspectivas para o futuro. Avaliada em 47 bilhões de dólares e bancada sobretudo pelo superfundo da empresa japonesa Softbank, a WeWork chegou a abaixar o valor do IPO para menos da metade de seu valor de mercado, mas não foi o suficiente para animar os investidores.

Resta saber em que grupo a Airbnb ficará. Um faturamento acima de 2 bilhões de dólares coloca a empresa com resultados maiores que outra empresa em conversas recentes para um IPO, como a WeWork, que faturou 1,8 bilhão de dólares em 2018, segundo números oficiais apresentados pela empresa. O faturamento da Airbnb também seria maior que todas as empresas de tecnologia que abriram capital neste ano, como Slack (faturamento de 220,5 milhões de dólares em 2018), Pinterest (756 milhões de dólares) e Lyft (2,1 bilhão de dólares). O Airbnb só não superaria a Uber, que faturou 11 bilhões de dólares em 2018.

Além do alto faturamento, o Airbnb informou que lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) foi positivo em 2017 e 2018, embora a empresa não revele os valores. Isso colocaria a empresa de hospedagem em um patamar diferente das demais startups que abriram capital recentemente.

Analistas ouvidos pela Reuters apontam que o Airbnb pode ter uma recepção mais calorosa na bolsa do que as demais empresas que chegaram neste ano. “Eu acredito que vai ser uma recepção completamente diferente para o Airbnb, assumindo que eles podem mostrar que são um negócio lucrativo sem ter de perder dinheiro em marketing”, disse à Reuters Kathleen Smith, diretora da Renaissance Capital, que faz pesquisa institucional e investe em empresas com IPO recente.

Até onde é possível crescer?

A promessa das empresas de tecnologia é manter no futuro o crescimento exponencial que vêm tendo nos últimos anos e, assim, reverter os prejuízos de seus balanços. Para manter a taxa de dois dígitos de crescimento, são necessários vultuosos investimentos em marketing e expansão para novos mercados, o que aumenta os custos. Diferentes regulações no futuro — no modelo do Airbnb, algumas cidades já proíbem ou dificultam a locação temporária — também podem ser um problema para essas empresas.

O Airbnb afirma ter mais de 7 milhões de imóveis listados em sua plataforma em mais de 100.000 cidades no mundo. Na média, mais de 2 milhões de pessoas usam locações do Airbnb por dia.

Um dos principais objetivos nos últimos meses vem sendo expandir seu serviço para além de grandes polos turísticos mundiais, como Londres, Paris e Nova York.

Dados divulgados em agosto a EXAME mostram que o Airbnb começa a avançar em sua descentralização. Em 2011, somente 12 cidades tinham mais de 1.000 anúncios de locação na plataforma, isto é, com ampla disseminação do Airbnb. Hoje, quase 1.000 cidades chegaram a essa faixa. Além disso, 92% de todas as chegadas de hóspedes ocorreram fora das dez maiores cidades do Airbnb. Em 2011, as cidades fora do top 10 respondiam por 60%.

Dentro desses esforços, o Airbnb disse no comunicado desta quinta-feira que lançará uma campanha de marketing multimilionária com anúncios digitais e na TV, promovendo os benefícios da hospedagem em sua plataforma.

Passada a euforia inicial com as startups, os investidores na bolsa podem estar cada vez menos dispostos a investir sem resultados. Para o Airbnb, crescer e controlar os gastos ao mesmo tempo será preciso para que seu IPO seja um sucesso.

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