O CTE, Centro de Tecnologia de Edificações, já foi o responsável pela consultoria e gerenciamento de mais de 250 empreendimentos no Brasil. Entre seus projetos, está a construção de escritórios do Google e da B2W, os hospitais Sírio Libanês e Albert Einstein, a fábrica da Avon em Cabreúva, o Complexo JK, incluindo o shopping, laboratório Delboni, McDonald’s, entre outros.
A experiência no setor de construção, porém, não foi o suficiente para ajudar a empresa a passar pela crise econômica. O CTE, criado em 1990, precisou se reinventar, incentivou o empreendedorismo entre seus funcionários e criou novos negócios.
Para coroar as mudanças – e expor todas as novidades – a empresa se mudou recentemente para um novo escritório, na região do Brooklin, em São Paulo, com 1.300 metros quadrados para acomodar os 210 funcionários.
Antes separado em quatro andares diferentes, o novo escritório foi construído em um mesmo andar e com ambientes abertos para integrar as diferentes áreas da empresa, até então separadas, como sustentabilidade, tecnologia, gerenciamento, cidades inteligentes, qualidade, entre outras.
Vitrine
A ideia da nova sede é ser um escritório modelo, com todos os elementos mais inovadores e lançamentos do mercado. Dessa forma, torna-se uma vitrine para os clientes da CTE, que visitam o escritório para ter novas ideias e inspirações para seu próprio espaço.“Mais do que uma empresa de consultoria, queremos inspirar mudanças na construção”, afirma Roberto de Souza, presidente do CTE.
Para ele, o setor não oferecia muita qualidade ou tecnologia há alguns anos, como preocupação com conforto térmico ou acústico ou com materiais sustentáveis. Hoje, os projetos já são pensados de forma a aumentar a economia de água, energia e limitar a emissão de gases de efeito estufa durante a construção, por exemplo.
O escritório foi feito com o apoio de 21 empresas parceiras que já atuam nas construções gerenciadas pelo CTE, entre paisagistas, fabricantes de revestimento e peças e empresas de tecnologia acústica, por exemplo.
Obra sustentável
A decoração do escritório foi pensada para dar a impressão de que os funcionários estão no centro de uma obra. As bancadas na copa são revestidas de concreto cinza e cimento queimado e o teto não tem forro, justamente para mostrar a tecnologia que está por trás.
A empresa também pensou em formas de deixar a obra mais sustentável. O isolamento acústico das paredes é feito com garrafa PET reciclada. O carpete do escritório também é feito de plástico reciclado a partir de antigas redes de pesca.
Uma grande reclamação a respeito de escritórios é a temperatura do ar-condicionado, que não resfria o ambiente de maneira uniforme. Áreas perto de janelas ficam mais quentes, enquanto espaços com menos circulação de pessoas ficam frios demais. Por isso, a CTE usa um ar-condicionado da LG, com sensores de movimento e de presença, para calcular o resfriamento de forma adequada.
Atravessar a crise
O novo espaço reflete a transformação que a empresa passou nos últimos anos. Com a crise econômica, que afetou profundamente o setor da construção, o CTE viu os projetos para novas edificações encolherem. “Pensei que poderíamos virar pó. Então precisamos reinventar a empresa”, diz Souza.
Por cerca de três anos, a companhia sacrificou as margens e o lucro, para não demitir funcionários. Outra solução foi dar mais responsabilidade aos funcionários. Os 20 consultores mais antigos se tornaram sócios da companhia.
A CTE também reforçou a importância de metas e da criação de novos produtos. Para isso, chamou especialistas da Endeavor e fundadores de startups para apresentar conceitos de empreendedorismo para os funcionários.
A partir dessas iniciativas, a CTE criou novos negócios, que já representam mais de metade do faturamento da companhia.
Um deles é o due diligence imobiliário, ou seja, a investigação e conferência de todos os documentos da obra e a inspeção técnica do edifício – não apenas aqueles construídos pela CTE.
A consultoria verifica a fachada, todas as instalações de telefonia, elétrica e hidráulica, entre outros. Assim, ajuda outras empresas a avaliarem melhor o prédio que estão comprando ou alugando para um escritório e a calcularem riscos e custos de uma reforma.
Esse novo negócio cresceu durante a crise porque, mesmo durante esse período, muitas empresas decidiram mudar de escritório, afirma Souza. Ao sair de um prédio mais antigo para um mais novo, os custos diminuem, já que os novos edifícios demandam menos manutenção e são mais eficientes no uso de água e energia, por exemplo.
Também por questões de custos, as empresas buscaram fazer o due diligence imobiliário de seus novos escritórios, diz o presidente.
A companhia também criou um software para automatizar o processo de inspeção de obra, que ajuda engenheiros e gerentes de obras a acompanhar todo o trabalho que está sendo feito. Esse software acabou virando um spin off da companhia e se transformou em uma startup independente.
De olho no futuro
Se a companhia precisou se reinventar para atravessar o período de crise, deve continuar buscando novidades de olho no futuro da construção.
Para pesquisar sobre qual será o futuro da construção, a CTE criou uma rede de compartilhamento, que reúne 33 empresas entre incorporadoras, fabricantes de materiais e projetistas. Além das discussões entre os membros, a companhia organiza viagens para o Vale do Silício, China e Israel, para acompanhar as tendências do setor.
De acordo com Souza, o futuro da construção passa por três grandes eixos: sustentabilidade, industrialização, ou a pré-fabricação de componentes como placas de madeira, aço e cimento, e a construção digital, com mais dados e acompanhamento virtual das obras.
Com um novo escritório e novos negócios, a empresa busca se antecipar a essas transformações.
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