Eram 9h, da manhã da segunda-feira, 08 de julho, quando o velório do músico João Gilberto foi aberto ao público. Dentro e fora do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, onde a cerimônia foi realizada, as vozes mais diversas do povo brasileiro se uniram para prestar a última homenagem ao artista. Isso tudo e muito mais sobre a carreira do criador da Bossa Nova e um dos maiores cantores da MPB, no mini-documentário “João Gilberto – A Despedida”, produzido por Bernardo Costa com realização do portal Coisas da Música.
Do pintor de paredes ao jovem estudante de advocacia, os mais diferentes estratos da sociedade prestaram a derradeira homenagem ao criador da batida de violão que se tornou a principal característica da bossa nova e encantou o mundo.
Natural de New Orleans, nos Estados Unidos, Matthew Lemonier, um jovem viajante em passagem pelo Brasil, comandou a roda musical na porta do teatro. Com dificuldade em se expressar em português, ele tentou explicar por que fez questão de comparecer ao velório de João Gilberto.
– João Gilberto é figura internacional. Ele trouxe muito amor para todo o mundo – disse
Herói brasileiro
O jovem levou seu violão. E foi cercado por populares com pedidos de músicas que ficaram marcadas na interpretação de João Gilberto: “Desafinado”, “O Pato”, “Doralice”, “Wave”… O operário da construção civil Sandro de Oliveira Alves, que saiu de Bangu para prestigiar o artista, pediu “Garota de Ipanema”.
– O cara (João Gilberto) revolucionou a música brasileira, ganhou três ou quatro Grammys, dizer mais o quê dele? É um ícone da música, um herói brasileiro – comentou Sandro, que diz ter aprendido os clássicos de João Gilberto com os pais e em programas de rádio e TV: – Antigamente a mídia dava muito mais espaço para os grandes da música brasileira. Hoje, se vai tocar funk, que coloque um João Gilberto no meio pra gente cantar uma música que tenha conteúdo – acrescentou Sandro.
Legado
O artista popular que marca a trajetória de um país o faz por ter compreendido o sentimento do seu povo, estabelecendo comunicação direta com sua essência. É o que dá consistência e perenidade a uma obra. Foi o que se deu com João Gilberto. A prova aparece no relato da dona de casa Edna Maria, que foi com uma amiga ao velório e se juntou à roda musical:
– Gosto muito dessas músicas, nossa mãe! Tenho (discos) de todos eles de negócio de bossa nova assim, sabe? Mas eu não sei classificar assim pelo nome, entendeu? Bossa nova é bossa nova todos eles.
Sobre o legado de João Gilberto, ele está assegurado, a julgar pela grande presença de jovens que compareceram ao velório do músico no Teatro Municipal do Rio.
– Quando eu descobri o que era a bossa nova, encontrei um caminho sem volta. É muito bom, é muito gostoso. Foi o que revolucionou a música. O Brasil exportou esse gênero que hoje é conhecido mundialmente. Você vai em qualquer país e sempre tem um lugarzinho tocando bossa nova. E João Gilberto foi o pai de tudo isso – disse o estudante de Direito Leonardo Sanches, de 26 anos.
Despedida de Mangueira
Na escadaria do Teatro Municipal, enquanto o público aplaudia a retirada do corpo, um grupo estendeu a bandeira da Estação Primeira de Mangueira, tradicional agremiação do Carnaval carioca. A despedida do samba ao artista que depurou o gênero, buscou sua essência. João Gilberto foi sepultado no cemitério Parque da Colina, em Niterói, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro.
Axé!
Fonte: Bernardo Costa, do portal Coisas da Música
Foto: Ian Cheibub
Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?reload=9&v=yEnHTbgskWU&feature=youtu.be
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