A disputa entre as boas notícias sobre a recuperação da economia e as más sobre o agravamento da Covid-19 gerou mais um sobe e desce no mercado de ações nesta terça-feira, 30. O Ibovespa abriu em alta e por volta do meio-dia, após a divulgação do Índice de Confiança do Consumidor americano, alcançou o pico de alta, a 0,72%, aos 96.104 pontos. Esse índice que reflete a intenção de compra nos EUA e é um fundamental termômetro da economia mostrou uma alta maior que a esperada: em junho ele está em 98,1 pontos, saindo de praticamente uma estagnação em maio em 85,9 pontos. Apesar da alta forte, que animou os investidores, algumas notícias negativas pesaram ao longo da tarde e levaram a bolsa brasileira a fechar em leve queda, de 0,71%, em 95.056 pontos. “Essa baixa pode ser considerada também uma correção em relação ao movimento positivo de ontem, mas o principal peso foram as ações dos bancos e da Petrobras”, diz Paloma Brum, economista da Toro Investimentos.
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Este vai e vem do mercado é típico de momentos de alta volatilidade. Qualquer informação, mesmo que desencontrada, acaba por alterar o humor dos investidores, que navegam em um mar revolto sem terra à vista. Por exemplo, os ativos dos grandes bancos brasileiros caíram hoje principalmente devido à volta da discussão no Congresso sobre a limitação do lucro das operações de cartão de crédito e do cheque especial. Bradesco, Santander, Itaú Unibanco, Banco do Brasil, Banco do Brasil e Itaúsa, a holding que controla o banco Itaú, fecharam em queda superior a 3%. A única exceção foi o BTG Pactual, que fechou em alta de 0,66% devido a uma nova oferta que será feita a partir desta quarta-feira, 1º de junho. Além dos bancos, o petróleo Brent — a cotação pela qual é comercializada o óleo da Petrobras — teve queda leve, oscilando em 41 dólares o barril e com queda de 1,34%, o que derrubou as ações da Petrobras, que fechou em forte queda de 0,51%. Seguindo a queda da bolsa brasileira, o dólar comercial fechou em leve alta de 0,25%, a 5,4396 reais.
Oscilação diária do Ibovespa à parte, quando observados os números a médio prazo, a perspectiva é de lenta recuperação da bolsa brasileira, seguindo a tendência mundial. No acumulado do segundo trimestre do ano, o Ibovespa teve uma variação positiva de 29,84% em relação ao anterior. No período, o índice Stoxx 600, que mede as principais bolsas europeias, subiu 13,89%, enquanto o Nikkei 225, principal índice da bolsa de valores de Tóquio, cresceu 16,7%. Nos Estados Unidos esses índices também são animadores. As bolsas americanas fecharam o seu melhor trimestre desde 1998: o S&P 500 e o Dow Jones subiram mais de 16% e o Nasdaq mais de 30%.
Esses índices refletem as injeções de dinheiro pelo Banco Central e os baixos juros incentivando a economia. “É natural que as economias mais fortes, como os EUA, apresentem recuperação de forma mais rápida e isso se reflete no desempenho das bolsas dos respectivos países”, diz Brum, da Toro Investimentos. Apesar dos dados positivos, a caminhada para o cenário pré-pandemia ainda é lenta. Quando olhada a recuperação ao longo dos seis meses, ou seja, englobando o drástico impacto da Covid-19 nas bolsas, principalmente em março, as quedas ainda são expressivas. Em relação ao último pregão de 2019, o Ibovespa caiu 17,8%, o Nikkei 225 teve retração 5,78%, enquanto o Dow Jones caiu 9,55% e a S&P 500 4,04%. A fala de hoje de Jerome Powell, presidente do banco central americano, o Federal Reserve, resume bem a expectativa para os próximos meses: “A retomada é extraordinariamente incerta”.
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