A atual missão do Magazine Luiza é ajudar a digitalizar o varejo brasileiro. Só que, para isso acontecer, a condição inexorável é que existam lojistas. Parece óbvio, mas em tempos de crise econômica não é, afinal, muitos devem fechar as portas por problemas financeiros nos próximos meses. Para evitar um quebra-quebra generalizado, o Magalu está conversando com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES) e com outros agentes do mercado financeiro para estruturar uma forma de fazer o crédito chegar a pequenos e médios comerciantes.
“Estamos vendo a possibilidade de lançar uma linha de crédito para os sellers [lojistas] financiar seu capital de giro e folha de pagamento, por exemplo”, disse Frederico Trajano, presidente do Magazine Luiza, se referindo a parcerias com fundos de investimento de direito creditório (FIDCs), em live promovida pela gestora Verde Asset. “Vamos participar de um bid [disputa] para repassar recursos para nossos vendedores – podemos assumir boa parte do risco, pois os conhecemos, sabemos quem são, há quanto tempo trabalham… é a oportunidade de fazer o dinheiro chegar na ponta.”
O Magazine Luiza já financia os seus parceiros com a antecipação de recebíveis por uma taxa de desconto que, segundo Trajano, é menor do que a cobrada por empresas de maquininhas de cartões, como Cielo e Rede. “Uma vez ouvi do presidente de uma adquirente que o que ele faz é Robin Hood às avessas: cobra pouco dos grandes lojistas e muito dos pequenos”, disse.
Para além de cuidar da sobrevivência das PMEs, outra frente importante para a varejista completar a sua missão é prover os meios para que os pequenos lojistas façam transações online. Nesse sentido, o Magalu desenvolveu ferramenta para que as PMEs emitam notas fiscais eletrônicas. Só que isso só funciona para aqueles que já são habilitados pela secretaria da Fazenda a fazer a emissão. Os demais precisam ir às juntas comerciais que, em tempos de pandemia, estão fechadas. “Nesse caso, desenvolvemos um processo com uma ‘subcertificadora’ que faz a certificação digital”, conta, sem revelar o nome da parceira na empreitada.
Fato é que apenas 5% das 5 milhões de varejistas no Brasil vendem pela internet. Para Trajano, esse número deve dobrar agora por causa do isolamento social. Mesmo assim, é um percentual muito aquém do registrado pela China, de 30%, e pelos Estados Unidos, de 15% a 20%. “Estamos vendo consumidores que nunca compraram com a gente comprando pela primeira vez e clientes que compravam apenas produtos de linha branca, por exemplo, comprando itens de outras categorias, como papel higiênico”, afirmou. “É uma tendência que veio para ficar.”
O resultado dessa tendência é que, em maio, mesmo com 60% das lojas físicas fechadas, o Magazine Luiza viu as vendas crescerem 45% – crescimento que os 5 milhões de lojistas sonham ter.
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