Vem caindo consideravelmente nos últimos dois meses o número de médicos que acham efetiva a política implementada no Brasil contra a covid-19, assim como os que veem engajamento da população no combate ao coronavírus, gerador da doença.
Entre 19 e 22 de maio, 46% dos profissionais viam as políticas como eficientes. Há dois meses, porém, entre 31 de março e 2 de abril, esse número era quase o dobro, de 87%, segundo pequisa da consultoria especializada em estudos de saúde Fine Research, divulgada com exclusividade à Exame.
Do total de participantes brasileiros, 54% consideram autoridades têm subestimado o impacto da pandemia e 28% dizem que as autoridades têm dado a importância adequada. O número dos que consideram que a doença está sendo subestimada só é maior no México (75%) e no Equador (69%) entre os países da América Latina.
Sobre o envolvimento da população, a percepção positiva caiu de 64% para 48% no mesmo período.
Nesta semana, um dia após o Brasil ultrapassar a marca das 30 mil mortes pela covid-19, começou uma nova etava de reabertura da economia em algumas regiões do país.
No Rio de Janeiro, por exemplo, onde atividades esportivas e cultos religiosos foram liberados, desde que as devidas regras de prevenção contra a doença, havia bastante gente na praia e nos calçadões. O Ministério Público do Estado chegou a pedir à Justiça nesta terça-feira que aplique multa pessoal de R$ 50 mil ao prefeito da cidade, Marcelo Crivella, pela decisão de flexibilizar as regras de isolamentol.
Polarização e riscos
A pesquisa mostra também a existência de polarização entre os médicos sobre a normalização das atividades no país. Metade vê nos próximos 30 dias uma flexibilização das restrições de forma gradual e controlada. A outra metade considera que os controles devem se manter ou se intensificar. Na América Latina, a média das opiniões tende para expectativa de regras mais restritas (56%).
No Brasil, a maioria dos profissonais vê alto risco de colapso a disponibilidade de leitos de internação, áreas de UTI e ventiladores no Brasil. Os principias riscos percebidos no pais estão associados com a falta de material de proteção e falta de protocolos.
A pesquisa foi feita de forma online com médicos registrados na plataforma, que reúne mais de 90 mil profissionais de atenção primária e diversas especialidades.
O estudo abrange 16 países da América Latina. No total, participaram 5.076 médicos, a maior parte deles do Brasil (1.606), seguido de Argentina (1.003), México (920) e Colômbia (773).
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