Além da hidroxicloroquina: o que a Prevent Senior aprendeu com a pandemia

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Operadora de planos de saúde com foco em idosos, a Prevent Senior esteve no centro do debate sobre como lidar com o novo coronavírus quando a pandemia ganhou força no Brasil. Um dos temas em foco foi o uso da hidroxicloroquina no tratamento dos pacientes com covid-19. A operadora chegou a iniciar um estudo sobre o tema, que foi suspenso. No entanto, os aprendizados trazidos pela pandemia para a empresa vão além da pesquisa com o remédio. Na visão do presidente da companhia, Fernando Parrillo, o novo coronavírus vai mudar o comportamento do paciente e a empresa vai precisar se adaptar a isso.

Dentre as mudanças que devem ficar estão os atendimentos via telemedicina e a possibilidade de realizar exames no modelo drive-thru. Ambas as facilidades foram liberadas no Brasil por conta da necessidade de isolamento social e, segundo a operadora, estão sendo bem aceitas pelos pacientes, além de serem mais seguras.

Os exames da Prevent Senior têm sido realizados no modelo drive-thru em um prédio da operadora na avenida Brigadeiro Luís Antônio, em São Paulo. Ela instalou uma operação de enfermagem na garagem do prédio, onde é feita a coleta de amostras de sangue, por exemplo.

“Sabemos que o ambiente de um laboratório para coleta de exames às vezes é tumultuado. Com o sistema drive-thru a coleta não demora mais que seis minutos. Se for permitido, vamos manter depois da pandemia”, afirma Parrillo.

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Outra mudança que veio com o coronavírus e vai continuar na companhia é um serviço com foco no contato com os beneficiários. Com um público majoritariamente de idosos, a empresa percebeu que parte de seus beneficiários estava se sentindo sozinha com o isolamento social, o que fez aumentar os casos de depressão. Para lidar com isso, a Prevent Senior criou uma equipe para, basicamente, ligar para eles.

“Cada ligação dura cerca 40 minutos. A ideia é bater papo, escutar suas histórias. O ser humano não foi feito para ficar isolado e na pessoa de mais idade isso piora o quadro clínico. E já aconteceu de ligarmos para um beneficiário de 92 anos, ele estava sozinho em casa e não estava bem. Enviamos uma ambulância para a casa dele por causa dessa ligação”, diz Parrillo.

A equipe por enquanto tem doze pessoas, e pode ser ampliada para mais cem pessoas no futuro. Numa variação do projeto, parte da equipe começou também a escrever cartas a alguns dos beneficiários. “Com isso, estimulamos a escrita deles, desenvolvemos a parte motora e é um meio com o qual eles estão acostumados”, diz Parrillo.

A pandemia também impulsionou iniciativas que já estavam em andamento na operadora. Uma delas é o centro de inteligência da empresa, com foco em buscar inovação e melhores práticas em tratamentos de saúde. O departamento começou a funcionar no meio do ano passado e tem ajudado a companhia a enfrentar o novo coronavírus. “Nosso centro de pesquisa científica trouxe agilidade ao processo decisório e evitou que entrássemos em uma situação complicada no contexto de uma pandemia que afeta principalmente os idosos”, diz Parrillo.

Esse contato levou a Prevent Senior a usar um programa de inteligência artificial desenvolvido pela empresa sul-coreana Lunit. O programa compara a radiografia de tórax dos pacientes com um enorme banco de dados de radiografias, em busca de anormalidades que possam revelar características de pneumonia e ou de lesões causadas por covid-19.

Desde março, mais de 10.000 radiografias de tórax já foram analisadas automaticamente pelo programa na Prevent Senior. De acordo com a Lunit, sua ferramenta já foi usada para analisar mais de 3 milhões de radiografias de tórax em 80 países.

Segundo Parrillo, o número de internações por covid-19 nos hospitais da operadora estabilizou por ora. A Prevent Senior tem três unidades destinadas especificamente para o tratamento da doença. A hidroxicloroquina continua sendo usada pela operadora para o tratamento de covid-19, mas não é o único medicamento adotado.

A pesquisa iniciada pela Prevent Senior para estudar o efeito do remédio em pacientes com o novo coronavírus foi suspensa por inconsistências entre a data do início do tratamento e a do pedido de autorização. A operadora diz que divulgou dados observados em seus beneficiários e que houve erro ao associá-los à pesquisa. A empresa não descarta retomar o estudo. A Organização Mundial da Saúde recentemente suspendeu os testes com a cloroquina para o tratamento de pessoas com a doença.

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