A rede de fast food Giraffas, com cerca de 400 unidades, investiu em tecnologia e vai reforçar sua aposta no delivery como forma de enfrentar a crise causada pela pandemia do novo coronavírus. Hoje, praticamente 100% da receita do Giraffas vem do delivery. Cerca de 80% das unidades estão fechadas e as lojas em funcionamento operam via entregas.
Até o final do mês, o Giraffas deve lançar um novo modelo de entrega inspirado nos bufês. A modalidade é uma espécie de delivery tamanho família: em vez de encomendar pratos individuais, os clientes podem pedir uma feijoada para cinco pessoas, por exemplo, e dispor os pratos em casa para que cada um se sirva como preferir. “As pessoas vão continuar usando o delivery no futuro próximo, então estamos ampliando com esse formato, que é bem comum nos Estados Unidos”, afirma Carlos Guerra, fundador e presidente da rede.
A previsão do presidente do Giraffas é de que o delivery continuará a exercer papel fundamental no faturamento da rede por um bom tempo. Cerca de 70% das unidades da rede ficam em shoppings centers, que estão na sua maioria fechados devido à necessidade de distanciamento social. Quando reabrirem, ainda não se sabe como será a resposta do público. A rede já trabalha com a hipótese de que o movimento nas unidades físicas demore a engrenar.
“Será um período muito desafiador e vamos precisar nos adaptar para esse novo momento do consumo que existirá por um bom tempo”, afirma Guerra. Com isso, o empresário espera que o delivery passe a responder por uma fatia de 50% a 30% do faturamento da rede. Antes da pandemia, as entregas eram menos de 10% da receita. A rede já vinha ampliando o número de lojas com o serviço de delivery. Em 2018 eram mais de 100, em 2019, mais de 250.
Além do delivery tamanho família, a rede também lança em breve uma nova versão de seu aplicativo. O novo app vai permitir que o cliente faça seu pedido online, pague pelo celular e apenas busque o prato na loja mais próxima, inclusive com horário agendado. O recurso evita o contato físico, já que o consumidor não precisará passar o cartão na maquininha do estabelecimento, além de reduzir filas. Além do aplicativo, o Giraffas mantém acordos com as principais plataformas de entrega de refeições.
Nas lojas físicas, a rede começou a instalar barreiras de acrílico na região do caixa e na área de entrega dos pratos. Também vai colocar marcações no chão para organizar as filas de forma a evitar aglomeração de pessoas. Quando as atividades voltarem, a empresa vai medir a temperatura dos funcionários, que estarão obrigatoriamente de máscara. Haverá álcool gel disponível para funcionários e clientes. A rede ainda estuda fazer teste de covid-19 nos funcionários, mas a medida ainda não está definida. “O acesso aos testes é difícil, e eles têm validade curta. Se eu faço o teste hoje, amanhã o resultado pode não ser o mesmo”, afirma Guerra.
O Giraffas tem feito reuniões semanais com seus franqueados para falar sobre o cenário atual e discutir formas de atravessar esse momento. Dentre os temas tratados estão a negociação do aluguel com os shoppings e problemas de logística. As lojas fechadas não estão pagando royalties à franqueadora, e as unidades em funcionamento tiveram redução na taxa. A maior parte dos franqueados usou a Medida Provisória 936 e suspendeu contratos com os funcionários.
Na franqueadora, funcionários tiveram jornada reduzida, com redução de salário. A diretoria também teve redução do salário. Até aqui, o Giraffas está mantendo sua operação com caixa próprio e não precisou recorrer a novas dívidas. A rede faturou 750 milhões de reais em 2019, alta de 10% em relação a 2018.
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