Ao longo do mês de março, o Brasil passou de um observador da crise do coronavírus a um país com mais de 4.000 casos confirmados. E, agora, tem cerca de duas semanas para agir antes que se veja o pico dos casos por aqui.
A avaliação é do cirurgião Paulo Chapchap, diretor geral do Sírio-Libanês, um dos hospitais mais renomados do país e que, ao lado de outras instituições, pesquisa soluções médicas e políticas de saúde contra a covid-19.
Para o médico, que está na linha de frente do combate ao vírus muito antes de o primeiro caso confirmado chegar ao Brasil, o isolamento social é ainda a medida mais efetiva contra a pandemia e sua implementação ao longo das próximas semanas será crucial. “Se não praticarmos o isolamento social em sua intensidade máxima, vamos viver o mesmo problema que estão vivendo Espanha, Itália e Estados Unidos”, diz Chapchap, citando os países com maior número recente de pacientes infectados.
Chapchap foi o convidado desta terça-feira, 31, na série exame.talks e conversou ao vivo com os repórteres Gabriela Ruic e João Pedro Caleiro sobre como a pandemia afeta o setor de saúde privado e as políticas públicas no Brasil (veja a entrevista completa no vídeo abaixo).
Perguntado sobre a possibilidade de um isolamento vertical, ou seja, de somente parte da população, o médico não acredita que essa opção seja viável. “Não existe nenhuma chance de o chamado isolamento vertical funcionar no Brasil”, diz. Chapchap afirma que a única chance de isolar somente parte da população é se o Brasil conseguisse testar em massa, o que não é possível. “Não temos acesso a teste em massa de alta sensibilidade em nenhum país do mundo”.
O Brasil tem hoje 4.579 casos de coronavírus, segundo boletim de segunda-feira, 30, do Ministério da Saúde. O número de óbitos confirmados é de 159.
Chapchap cita países como a Alemanha, que tem baixa taxa de mortalidade, como exemplos da eficácia do isolamento social. Mesmo a Coreia do Sul, considerada modelo de plano de combate ao coronavírus e que testou um grande contingente de sua população, usou políticas de isolamento.
Ainda assim, o cirurgião afirma que nenhum sistema de saúde no mundo tem capacidade ociosa suficiente para lidar com uma pandemia desta dimensão, mesmo em países desenvolvidos. Por isso, é importante que os países ajam para “achatar a curva”, isto é, evitar que o sistema de saúde fique sobrecarregado, mesmo no setor privado.
Neste cenário, o diretor do Sírio elogiou as medidas de isolamento tomadas até agora em estados e municípios. Um dos principais desafios da pandemia para os brasileiros será cuidar para que a população socioeconomicamente vulnerável não se contamine, sobretudo em lugares onde há pouco espaço nas casas e poucas possibilidades de isolamento social. “O Brasil tem a sorte de ter um sistema universal de saúde. Embora tenha todas as dificuldades”, diz Chapchap. “Com ele [o SUS], podemos cuidar de todos que precisam”.
Sobre as pesquisas de remédios contra a covid-19, o cirurgião diz que substâncias não devem ser usadas sem receita médica. Substâncias como a cloroquina vêm sendo testadas no combate ao coronavírus nas últimas semanas, o que levou a uma corrida por farmácias em busca dos medicamentos. “Há pessoas tomando remédio preventivamente. Não tem absolutamente nenhum sentido. A droga é tóxica”, diz. “O pânico pode nos levar a efeitos colaterais que são muito maiores que o risco da doença para a grande maioria da população brasileira.”
Aos empresários, Chapchap pediu apoio para conter a disseminação do vírus. “Não adianta fazer somente nas suas empresas. Se mostrem publicamente exercendo sua responsabilidade social”, diz. O médico elogiou ainda o que chamou de comportamento exemplar da população e voltou a pedir que os brasileiros evitem sair às ruas. “Sejam agentes do seu próprio cuidado e do cuidado das pessoas que vocês amam. Isolamento social é fundamental. A parte econômica nós vamos resolver”, diz.
Assista abaixo à entrevista completa com Paulo Chapchap e veja também a lista das próximas transmissões da série exame.talks. Os vídeos ficam disponíveis no canal EXAME no YouTube, onde você pode vê-los quando for conveniente.
1º de abril, quarta-feira, 12h
Edu Lyra, da rede de ONGs Gerando Falcões
Os pequenos empreendedores na crise da covid-19
Com Gabriela Ruic e João Pedro Caleiro, jornalistas de EXAME
Live para a live => exame.talks: Lyra
1º de abril, quarta-feira, 15h
Sofia Esteves, presidente do conselho do grupo Cia. de Talentos, fala sobre dicas para a carreira neste momento de crise.
Com André Portilho, head do exame.academy
2 de abril, quinta-feira, 18h
André Bona, educador financeiro
Como investir na crise com tranquilidade
3 de abril, sexta-feira, 12h
Luiza Trajano, fundadora do Magazine Luiza
Com Gabriela Ruic e João Pedro Caleiro, jornalistas de EXAME
3 de abril, sexta-feira, 15h
Fred Pompeu e Pedro W.
O que as startups devem fazer para enfrentar a crise e sair mais forte delas?
Com André Portilho, head do exame.academy
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