O modernismo do século passado criou muitas obras-primas na arquitetura, mas cometeu vários erros no urbanismo. De Brasília a Moscou, de Albany, nos EUA, a diversos “centros cívicos” pelo Brasil, a fórmula era espalhar prédios de ângulos retos em praças secas, com concreto por todos os lados, longe do “caos” e do aperto das cidades antigas, tradicionais. Ótimos para admirar de longe, não tanto para neles circular, conviver, passear. Nem para se sentar por perto.
O nova-iorquino Lincoln Center nasceu assim, nos anos 1960. Reunindo edifícios assinados por luminares como Eero Saarinen, Philip Johnson, Gordon Bunshaft e Wallace Harrison, o complexo abriga a Metropolitan Opera, o balé e a filarmônica da cidade, teatro e a escola de artes Juilliard, mas parecia um pedaço de Brasília em Nova York. A grande urbanista americana Jane Jacobs chamava o quarteirão de o menos vibrante da metrópole. Muitos nova-iorquinos concordavam com ela.
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Até que, em 2000, a pressão para atualizar o conjunto e torná-lo mais vivo e amigável com quem caminha (como Jacobs defendia) venceu aqueles que queriam congelar o projeto original. Sempre é mais fácil deixar como está e depois lamentar o pouco uso.
A administração convocou um concurso internacional, que foi vencido pelos então desconhecidos Diller + Scofidio em 2002 (anos depois, o mesmo escritório faria o parque elevado High Line). Eles derrotaram “nomões” à época, de Norman Foster a Santiago Calatrava.
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A arquiteta Liz Diller, que comandou a transformação, pôs do avesso o câmpus “de espaços públicos mudos”, como ela descreveu. Surgiram marquises que protegem da chuva e do sol forte os pedestres que vão da calçada à entrada dos auditórios; surgiram jardins e gramados, inclusive na cobertura de um restaurante que foi aberto ali. Assentos de variados tipos e até uma arquibancada que abriu, com janelões, a esquina da Juilliard para a rua. Luminosos foram estrategicamente encaixados nos degraus da entrada, que viraram assentos espontâneos. Eventos ao ar livre foram acrescentados nos meses de clima benigno. Fomentar a permanência e a circulação de gente mesmo nos horários sem espetáculo parece a tônica do redesenho do antigo câmpus brutalista. A relação mudou bastante, dissolvendo as barreiras até invisíveis que não convidavam o visitante a desejar ficar mais por ali.
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Com as melhores intenções, arquitetos, intelectuais e preservacionistas no Brasil tendem a querer tombar todo o patrimônio modernista, com medo de intervenções desastradas. Mas, às vezes, blindar o passado impede melhorias, correções, atualizações para a nova sensibilidade contemporânea — ao longo dos séculos, diversas obras-primas da arquitetura foram adaptadas. Não nasceram prontas. São necessários coragem, critério, visão. São Paulo tem muitas edificações que mereceriam intervenções assim, do Memorial da América Latina aos arredores do Ginásio do Ibirapuera e da Assembleia Legislativa. Da Cidade Universitária ao Anhembi.
Publicado em VEJA SÃO PAULO de 4 de março de 2020, edição nº 2676.
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