Odebrecht e Petrobras chegam a um acordo de paz pela Braskem

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Uma reunião entre os presidentes da Odebrecht, Ruy Sampaio, e da Petrobras, Roberto Castello Branco, selou um acordo de paz entre as companhias, até então em guerra. A reunião, ocorrida na sede da estatal no Rio de Janeiro no começo de janeiro, teve como principal tópico a Braskem, a companhia petroquímica que os conglomerados mantêm em sociedade. A solução será listar a Braskem no Novo Mercado — grupo de empresas com capital aberto que mantêm alto de grau de transparência e governança — da Bolsa de Valores de São Paulo, B3. A migração para essa lista poderia elevar os preços das ações, o que é visto com bons olhos pelas duas sócias. Após concluída essa etapa, as companhias venderão, em grandes lotes, as ações da petroquímica na bolsa.

Para ingressar no grupo, a empresa precisa seguir uma série de requisitos, como a divulgação pública de resultados, a manutenção de pelo menos 25% das ações da companhia em circulação e a proibição da venda de ações preferenciais — que não garantem o direito a voto aos acionistas. Além disso, há regras de conformidade com a legislação e obrigações anticorrupção.

No mês passado, VEJA abordou a disputa entre a estatal e a Odebrecht. Ambas se digladiavam pelo futuro da Braskem, mesmo que isso fizesse sangrar o alvo da discórdia. A estatal, assim como o governo de Jair Bolsonaro, vê a petroquímica como um boi pronto para o abate, que deve ser vendido imediatamente. Já a construtora, em recuperação judicial, aposta na valorização da Braskem como uma tábua de salvação para sua preocupante fragilidade financeira. O plano original, desenhado pela Odebrecht no ano passado, era recuperar o seu valor de mercado e vendê-la em até 36 meses para, com dinheiro na mão, pagar aos credores.

O plano proposto pela Petrobras, divulgado inicialmente pelo Valor Econômico e confirmado por VEJA, fez a empresa se valorizar mais de 6% no pregão de segunda-feira, 3. A intenção é atrair investidores para uma rápida venda da empresa, como quer Roberto Castello Branco. “Queremos que pelo menos a nossa parte seja vendida em doze meses”, declarou o presidente da Petrobras pouco antes do Natal quando comentou a intenção expressa da Odebrecht de se desfazer da empresa em prazos mais longos.

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Ao longo de todo o ano passado, a petroquímica foi desmontada aos poucos. Falhas na gestão de Musa, brigas entre os acionistas, o surgimento de crateras em Maceió, em Alagoas, decorrentes da operação da petroquímica e a desistência da holandesa LyondellBasell de comprar a Braskem em um negócio avaliado em mais de 10 bilhões de dólares fizeram com que o valor de mercado da companhia despencasse 40%. A lucratividade caiu dos 2,9 bilhões de reais, registrados entre janeiro e setembro de 2018, para 124 milhões de reais no mesmo período de 2019.

A Braskem é uma das únicas empresas saudáveis do grupo Odebrecht. As ações da empresa dão garantia às dívidas que o conglomerado mantém com cinco dos principais bancos do país — Bradesco, Santander, Itaú, Banco do Brasil e BNDES. A única instituição bancária credora do grupo que não tem ações da petroquímica é a Caixa, responsável pelo pedido de execução de dívida que culminou no processo de recuperação judicial da empresa, em junho. A valorização das ações, portanto, seria uma ótima saída para a Odebrecht cumprir com suas obrigações. E sair do buraco.



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