Elétrons, prótons, nêutrons. Essas são as partículas componentes do átomo, que é o elemento fundamental de toda a matéria. O elétron foi descoberto pelo físico inglês J. J. Thomson em 1887 – por isso, o cientista ficou conhecido como “pai do elétron”.
Muitos de nós nunca viram um elétron, mas, por ele ser constituinte de todas as substâncias – e isso inclui até nós mesmos, os seres humanos –, está em todos os lugares. Ele não é visível porque é uma das menores partes da matéria: pesa cerca de 10-30Kg.
Apesar disso, muitos especialistas o estudam e procuram formas de usá-lo em diferentes experimentos. É o caso, por exemplo, dos sistemas de aceleração de partículas: neles, o elétron é colocado em movimento em alta velocidade e tem sua trajetória desviada por campos magnéticos para produzir luz síncrotron.
Essa luz é um tipo de radiação eletromagnética de alto fluxo e alto brilho. Ela se estende por uma faixa ampla do espectro eletromagnético, que vai da luz infravermelha aos raios X, passando pela radiação ultravioleta.
SONORA James Citadini, Coordenador de Instalações do Sirius e Líder do grupo de Ímãs
Essa tecnologia está disponível no Sírius, o complexo brasileiro de aceleração de partículas instalado em uma área de 68 mil m² em Campinas. O local recebeu o nome de uma estrela e o motivo é prosaico: a Sírius não é a maior do céu, mas é a mais brilhante visível à noite a olho nu.
O Sírius é um acelerador de partículas de 4ª geração: o segundo do mundo nessa categoria e o primeiro em todo o hemisfério sul. Isso quer dizer que ele apresenta, entre outras melhorias, resolução mil vezes maior que a geração anterior.
Com isso, é possível simular, entre outros, condições específicas para descobrir novos materiais e novas técnicas de desenvolvimento. Sem contar que todo o processo é feito em menos tempo e de modo mais eficiente.
O complexo demorou quatro anos para ficar pronto e tem, basicamente, duas edificações, uma dentro da outra. A externa abriga espaços administrativos e laboratórios enquanto a interna comporta o acelerador de partículas em si.
Já no projeto da estrutura, um dos principais aspectos considerados foi a necessidade de manter o imóvel o mais estável possível – especialmente na área em que o acelerador de partículas está instalado. Isso porque mesmo vibrações mínimas podem interferir no processo – afinal, ele trafega a 600 voltas por segundo na estrutura, que tem 520m de circunferência.
Além disso, as paredes da área interna têm espessuras que variam de 80cm a 1,5m. São elas que protegem o exterior contra a radiação emitida pela luz síncrotron. Esse é um dos atributos que torna o complexo completamente seguro até mesmo para quem trabalha lá dentro.
Esta é uma introdução sobre o Sírius. Há muitos outros aspectos que fazem dele um complexo bastante interessante. Vamos explorá-los nas próximas edições inéditas do Olhar Digital Plus, em 2020. Esperamos você!
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