Por James Pomfret e Clare Jim
HONG KONG (Reuters) – Disparos da polícia de Hong Kong deixaram um manifestante gravemente ferido e um homem foi incendiado nesta segunda-feira, em episódios de violência que levaram a líder Carrie Lam a denunciar “inimigos do povo” e provocaram um alerta intimidante do editor de um jornal chinês.
Manifestantes lançaram coquetéis molotov contra a polícia após um final de semana de confrontos em todo o território sob controle chinês, assinalando uma escalada dramática em mais de cinco meses de tumultos pró-democracia muitas vezes violentos.
“A violência ultrapassou muito o clamor por democracia, e os manifestantes agora são os inimigos do povo”, disse a chefe do Executivo de Hong Kong em um pronunciamento televisivo desafiador.
“Se ainda existe qualquer esperança de que, agravando a violência, o governo… de Hong Kong cederá à pressão para satisfazer às chamadas exigências políticas, estou declarando alto e bom som aqui: isso não acontecerá”.
A polícia disparou gás lacrimogêneo nas ruas estreitas do distrito comercial, onde alguns manifestantes, agachados atrás de guarda-chuvas, interditaram ruas enquanto funcionários de escritórios lotavam as calçadas e lançaram insultos contra o governo.
Alguns passantes se abrigaram no shopping center Landmark, um dos mais antigos e caros da cidade, enquanto os cilindros de gás lacrimogêneo voavam.
Os protestos têm sido quase diários em Hong Kong, mas tem sido raro ver gás lacrimogêneo sendo usado durante o horário comercial em Central, ladeado de sedes de bancos e lojas de grandes marcas. Alguns escritórios fecharam mais cedo.
A China tem uma guarnição com mais de 12 mil soldados em Hong Kong, que vêm se mantendo em seus quartéis durante os tumultos, mas prometeu esmagar qualquer tentativa de independência, um exigência de uma minoria muito pequena de manifestantes.
O editor-chefe do tabloide chinês Global Times, publicado pelo estatal Diário do Povo, disse que a polícia de Hong Kong não tem o que temer.
“Vocês têm o apoio não somente de Hong Kong e do povo de Hong Kong, mas também dos soldados chineses e do Exército de Libertação Popular em Hong Kong”, escreveu Hu Xijin em seu blog. “Eles podem ir a Hong Kong para oferecer apoio a qualquer momento”.
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