O novo momento do Ibirapuera: restaurante e deques no lago

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O Parque Ibirapuera, um dos principais patrimônios culturais, arquitetônicos e paisagísticos da capital, passará a ser administrado por uma empresa no ano que vem. Desde que foi inaugurado, em 1954, para celebrar o quarto centenário de São Paulo, o local, com quase 1,6 milhão de metros quadrados — o equivalente a 32 estádios do Pacaembu —, é controlado pelo poder municipal. A partir de 2020 e por 35 anos, a responsabilidade pela preservação e pela operação será da Construcap, que venceu edital com pagamento de 70,5 milhões de reais. Pelo ineditismo desse tipo de concessão, é a primeira vez que essa construtora vai gerir um parque público.

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“Menina dos olhos”: o planetário deve ter equipamentos modernosVeja SP

A Vejinha teve acesso, em primeira mão, a algumas das intervenções que a companhia pretende fazer no Ibirapuera, ainda sem prazo de implantação. Em troca, a empreiteira paulistana ganhará o direito de explorar comercialmente o espaço, que abriga museus e uma coleção de prédios assinados pelo arquiteto Oscar Niemeyer, erguidos em meio a um bolsão verde com mais de 500 espécies de plantas nativas e exóticas que sobrevivem no coração da maior cidade do país.

A empresa também poderá promover eventos pagos com até 15 000 pessoas. Para frequentar o parque, no entanto, a entrada continuará sendo gratuita. Além do Ibirapuera, no pacote há outros cinco parques: Jacintho Alberto e Tenente Brigadeiro Faria Lima, na Zona Norte; Lajeado, na Leste; Jardim Felicidade, na Oeste; e Eucaliptos, na Sul.

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O prédio da Oca pode ganhar uma saída de emergênciaVeja SP

Essa foi a primeira leva de parques urbanos cuja administração a prefeitura conseguiu repassar para a iniciativa privada. Concedê-los a terceiros é uma ideia que começou em 2017, quando João Doria (PSDB), hoje governador, ainda era prefeito. Para atrair interessados, a escolha dos seis locais foi feita para balancear a lucratividade do Ibirapuera com os gastos com a preservação dos outros cinco — ao mesmo tempo que o poder público economiza mais de 1 bilhão em despesas de manutenção em 35 anos, segundo a prefeitura.

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Foram quase dois anos até que esse projeto se concretizasse. A gestão municipal tentou duas vezes lançar o edital de concessão. Na primeira ocasião, em 2018, ele foi barrado pela Justiça devido à falta de um Plano Diretor que estipulasse regras que garantissem a preservação e que disciplinassem a atuação da concessionária. Na segunda, em março de 2019, voltou a ser contestado judicialmente por falta de consenso sobre o Plano Diretor. Por isso coube à Justiça decidir quanto à liberação do processo de concessão. Na quarta-feira (30), a juíza Cynthia Tomé aprovou o plano e autorizou o andamento.

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O lago do Ibirapuera ganhará dequesVeja SP

“Respeito a decisão, mas mantenho a minha convicção sobre as irregularidades na elaboração do Plano Diretor. Vou recorrer”, diz o vereador Gilberto Natalini, autor de uma das ações que se opunham ao documento. Para ele, houve “conflito de interesses” durante a elaboração do plano, já que as audiências públicas realizadas para produzi- lo teriam contado com “participação clandestina” de integrantes da Construcap. A empresa nega as acusações.

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Advogada Maria Elisa diz que pode haver problemasVeja SP

Entregar o controle à iniciativa privada tem dividido a opinião do 1,2 milhão de pessoas que frequentam o Ibirapuera todo mês, como é o caso da advogada Maria Elisa Focante, 47. “Não sei se a concessão será boa para o parque. O Ibirapuera tem uma condição muito especial e uma diversidade muito grande de aves. Se houver alguma modificação na estrutura do lugar, não sei como vai ser”, diz ela, que costuma visitar o local para fotografar passarinhos.

O presidente da Construcap, Roberto Capobianco, afirma que isso não vai acontecer. “Não haverá transformações. A identidade do parque será mantida.” Graças à legislação, o Ibirapuera está protegido contra mudanças mais significativas de seu visual por ser um equipamento tombado como patrimônio da cidade, do estado e da União. Isso significa que a concessionária é obrigada a pedir autorização aos órgãos de preservação antes de realizar intervenções na área.

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Reforma: piso novo, teto reforçado, demão de tinta e reativação do tradicional restaurante The Green na marquise, uma das construções assinadas por NiemeyerDivulgação

Entre elas está a que a Construcap pretende fazer na marquise. A empreiteira vai propor a revitalização da estrutura de concreto armado, com cerca de 28 000 metros quadrados, projetada por Niemeyer para conectar cinco edifícios culturais assinados por ele no Ibirapuera. A ideia é reforçar toda a sustentação. O espaço, hoje muito usado por skatistas, também voltará a ter um restaurante. A empresa quer reativar o antigo The Green, que fechou as portas em 2015, depois de 43 anos funcionando no pedaço. “Menina dos olhos” do projeto, o planetário Aristóteles Orsini deve ser modernizado. Inaugurado em 1957, precisou ser fechado três vezes para passar por obras: de 1995 a 1997, de 1999 a 2006 e entre 2013 e 2016.

Com a troca dos equipamentos de projeção, a empreiteira planeja fazer com que o planetário fique aberto diariamente e seja uma das principais atrações do parque. Com mais de 10 000 metros quadrados e utilizado para abrigar exposições de arte, o edifício da Oca deve ser repaginado por fora e ainda ganhar mais uma saída de emergência. Na intenção de fazer do Ibirapuera um ponto de referência cultural na cidade, a Construcap também pretende investir na revitalização do Pavilhão das Culturas Brasileiras. O prédio, de 11 000 metros quadrados, que já abrigou repartições públicas, deve ser reformado para receber mais exposições temporárias, o que vai consolidá-lo de vez como museu.

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Acessibilidade: o projeto da Construcap prevê a troca de mobiliários do parque, a modernização de academias a céu aberto, pintura de ciclovias e ainda a extinção de guias para permitir que cadeirantes também possam desfrutar os gramadosDivulgação

Além das reformas, a Construcap programa melhorias na segurança do Ibirapuera, palco de crimes como estupro e furtos. A empresa quer instalar pelo menos 250 câmeras de segurança inteligentes em toda a área. Essa novidade agrada a Clarita Regina de Souza, de 71 anos, que trabalha vendendo água de coco no Ibirapuera há 27. “Há três semanas, fui ao banheiro e, quando voltei, tinham roubado minha mochila.” Ela vê como positiva a concessão para a iniciativa privada, que permitirá o trabalho de vendedores ambulantes, segundo o edital.

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O casal Roberta e Alexys veem a concessão de forma boaVeja SP

Ao assumir a gestão, a Construcap quer recuperar áreas verdes, mas para isso também precisará de autorização. Seu projeto prevê a extinção de algumas vias periféricas de asfalto e, no lugar delas, o plantio de grama em cerca de 30 000 metros quadrados. Outra possibilidade é a instalação de deques às margens do conjunto de lagos artificiais. Segundo a companhia, a criação dessas estruturas estava contemplada na primeira versão do edital como alternativa ecológica para recuperar as margens, mas foi retirada do documento final e aguarda a posição dos órgãos de preservação.

Também estão incluídos a instalação de quatro novos banheiros e de vestiários, a troca de equipamentos de academia, o rebaixamento de guias, para aumentar a acessibilidade e permitir que cadeirantes desfrutem os gramados, e a sinalização de ciclovias. O casal Roberta Wright, 35, e Alexys Rassy, 29, vai ao Ibirapuera para se exercitar e reclama da falta de organização em relação aos ciclistas. “Acontece um monte de acidentes de bicicleta por não haver estrutura segura”, pontua Rassy.

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Vendedora Clarita acha que a concessão será positivaVeja SP

Ao longo do contrato de 35 anos, a Construcap calcula investir cerca de 180 milhões de reais nos seis parques do pacote. Desse valor, 85 milhões serão destinados ao Ibirapuera nos três primeiros anos da concessão. De acordo com a empreiteira, devido às mudanças no Plano Diretor, ainda não há estimativa do lucro que será gerado com a operação, que inclui a exploração de publicidade no interior do parque. “Mas ela não será ostensiva”, afirma Capobianco. Esse é um dos pontos que os críticos da concessão desaprovam. “Ela cede prédios tombados à iniciativa privada. Corremos o risco de ver esses edifícios ser totalmente descaracterizados de seu uso cultural”, diz Nabil Bonduki, arquiteto e urbanista da USP. Ele defende um modelo de gestão similar ao do Central Park, em Nova York, gerenciado por uma entidade sem fins lucrativos, a Central Park Conservancy, que tem contrato com a prefeitura.

Publicado em VEJA SÃO PAULO de 13 de novembro de 2019, edição nº 2660.



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