Mesmo que não alcance o objetivo final, a atitude da Caixa de pedir a falência da Odebrecht tende a tumultuar o plano de recuperação judicial do conglomerado, segundo EXAME ouviu de executivos a par da história.
A Odebrecht, que pediu proteção contra credores em junho, quer obter até o fim do ano a aprovação de seu plano para voltar a contratar empréstimos e participar de grandes licitações. “Até lá, a empresa fica paralisada e depende de um escasso capital de giro para se manter”, diz um executivo. Apesar de ter obras contratadas de 20 bilhões de reais, a construtora do grupo faturou 1 bilhão em 2018.
Outra empreiteira envolvida na Lava-Jato, a OAS, levou sete meses para aprovar seu plano de reestruturação com os credores, em 2015, e depois precisou de mais dez meses para se livrar dos 19 agravos judiciais. “No caso da Odebrecht, é daí para mais”, diz o executivo. Se tudo der certo, a construtora Odebrecht deverá voltar a disputar obras em 2021.
O exemplo da OAS é também a régua para outra estimativa: dos 10,3 bilhões de reais devidos pela empreiteira, os credores receberão 2,8 bilhões. O desconto, de mais de 70%, deve se repetir no caso da Odebrecht. Ou seja: dos 98 bilhões de reais devidos pelo grupo, o calote será acima de 70 bilhões.
Na Odebrecht, a medida da Caixa é vista como uma tentativa de aumentar o poder de negociação do banco, que não recebeu garantias por 3 bilhões de reais emprestados. A diretoria da Odebrecht não acha que a briga atrapalhará a reestruturação.
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