São Paulo — A Petrobras fundada por Getúlio Vargas em outubro de 1953 completa 66 nesta quinta-feira num momento de grandes expectativas — e grandes pressões.
A petroleira estatal anunciou ontem que produziu 2,989 milhões de barris por dia no mês de agosto, uma alta de 18,5% em relação 2018 e um novo recorde mensal. Tudo isso às vésperas de um leilão de que deve mudar a história da companhia e do mercado brasileiro de energia.
No dia 6 de novembro o governo vai ofertar áreas do pré-sal na Bacia de Santos. A previsão é arrecadar 106 bilhões de reais, além de investimentos previstos de 200 bilhões de dólares para viabilizar a produção. O leilão é da chamada cessão onerosa, de descobertas que excedem a área concedida à Petrobras em 2010. Deve ser um marco na abertura do mercado brasileiro às multinacionais — 14 empresas de 11 países estão habilitadas, entre elas BP, Chevron e Petronas.
Além da cessão onerosa, a Petrobras vem se concentrando nos últimos meses na produção de petróleo em águas profundas, intensificando seu plano de desinvestimentos por meio da privatização de diversos negócios. Em setembro, informou o início da segunda fase dos processos de venda de ativos de refino e logística associada no país. O plano inclui a privatização de mais quatro refinarias.
Contra as desestatizações, centrais sindicais prometem sair às ruas das maiores capitais do país para protestar hoje. No Rio de Janeiro, a concentração se dará em frente ao prédio da Eletrobras a partir das 16h e seguirá até o quadrilátero das estatais, onde fica a sede da Petrobras. O movimento organizado pela Central Única dos trabalhadores também deve contar com a presença de parlamentares alinhados à esquerda.
Em agosto, o governo liberou uma lista com 17 estatais que devem ser 100% privatizadas nos próximos meses. A Petrobrás não faz parte do documento que confirmou os planos de passar empresas como Correios, Eletrobras e Casa da Moeda para a iniciativa privada. Ainda assim, em meio a uma série de desinvestimentos que vêm sendo feitos pela petrolífera, a equipe econômica não descarta uma completa desestatização no futuro.
Uma reportagem do jornal Valor Econômico sobre a suposta privatização Petrobras até o final do governo fez com que as ações da empresa saltassem 8% na bolsa de valores em um único dia do mês de agosto.
A Petrobras chega a seu aniversário com valor de mercado de 366 bilhões de reais, seis vezes mais do que no início de 2016. O dado, por si só, já é motivo de comemoração.
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