Greve dos Correios é desafio para Amazon e varejistas nacionais

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São Paulo — O comércio eletrônico brasileiro deve ter mais um dia de altas emoções na bolsa. Nesta terça-feira, as ações das grandes varejistas locais despencaram com a notícia de que a americana Amazon está trazendo ao Brasil seu serviço Prime, que oferece frete grátis em 48h para 90 cidades aos clientes que assinarem o pacote mensal de 9,90 reais. As ações do Magazine Luiza caíram 5,5%, as da B2W, caíram 4,8% e as da Via Varejo, dona das Casas Bahia, cederam 3,7%.

Nesta quarta-feira, a expectativa é pela reação a uma notícia que escancara as dificuldades que a Amazon terá que enfrentar num complicado país chamado Brasil.

Na noite de ontem sindicatos que representam os funcionários dos Correios decidiram iniciar uma greve geral por tempo indeterminado, que deve afetar todos os serviços da companhia. Os trabalhadores afirmam defender direitos como salários e empregos e ainda são contra a privatização da estatal, uma prioridade do governo federal.

Os sindicatos cobram sobretudo um reajuste salarial maior — a empresa ofereceu 0,8%, ante 3,1% de inflação acumulada — e a reversão de ações como cortes no adicional de férias e a exclusão dos pais de planos de saúde. Segundo representantes dos funcionários, até 80% das agências espalhadas pelo país podem aderir.

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A privatização dos Correios ainda precisa passar por estudos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e, caso vá em frente, precisaria de aprovação do Congresso. Os críticos à privatização dizem que, apesar de ainda dever 2,5 bilhões de reais pelos prejuízos acumulados de 2013 a 2016, os Correios fecharam os últimos dois anos no azul.

Dizem ainda que a companhia é fundamental para a integração e para a economia de um país com infra-estrutura deficitária como o Brasil, onde fazer entregas em uma enorme quantidade de bairros e cidades não é economicamente interessante para empresas privadas.

É este um desafio adicional para a Amazon, companhia que não tem uma rede logística pulverizada no Brasil, ao contrário do que acontece nos Estados Unidos. Além disso, seus concorrentes investiram pesado em novas lojas e novos centros de distribuição no país nos últimos anos, justamente para melhorar a eficiência de sua distribuição e cortar a dependência dos Correios.

Ainda assim, a estatal fundada em 1663 ainda é utilizada por 88% das lojas online no país, segundo a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico.

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