Empresários temem que sanções e guerra comercial atrasem a retomada

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São Paulo – As falas verborrágicas do presidente Jair Bolsonaro estão deixando alguns empresários preocupados. O temor é maior entre as empresas que possuem fatias maiores de suas receitas vinculadas às exportações. As empresas que dependem mais do mercado interno estão confiantes, mas cobram a redução do desemprego pelo governo.

Essa foi a opinião dominante por empresários ouvidos por EXAME durante o evento de premiação de Melhores e Maiores, realizado na noite desta segunda-feira em São Paulo.

Uma guerra comercial, com o Brasil escolhendo um lado, pode trazer complicações para as exportações. Segundo o presidente da siderúrgica Arcelor Mittal, Benjamin Baptista Filho, isso poderia afetar especialmente a indústria de transformação, que ainda precisa se recuperar dos anos de crise.

O setor de commodities é outro que aguarda com apreensão o futuro das discussões comerciais. Em especial, está bem atento às possíveis sanções comerciais que os países europeus poderiam aderir com o desmatamento da Amazônia.

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O presidente de uma das maiores exportadoras de commodities do Brasil, por exemplo, tem 80% de suas receitas originadas da venda de produtos ao continente europeu. Ele acompanhou com alívio a fala da chanceler alemã Angela Merkel, que distanciou sanções ao Brasil por ora. Mas o sinal de alerta está ligado.

“Fechamos um contrato recentemente com alemães e um bloqueio poderia colocar em xeque as nossas vendas do ano que vem”, diz esse executivo.

Otimismo da porta para dentro

Ao mesmo tempo, empresários que dependem do interno mostram otimismo com uma retomada. É o caso da empresa de laticínios Bela Vista. Desde o ano passado, a companhia vem apostando em produtos de valor agregado, como iogurtes proteicos e bebidas veganas.

Mesmo sendo mais caros, a aposta deu resultado – o lucro da empresa dobrou para 38 milhões de dólares no ano passado. E o otimismo continua. “Claro que precisamos de uma queda no desemprego, mas vemos espaço no mercado. O ano de 2019 deve ser o de maior investimento de nossa história”, diz Luiz Claudio Lorenzo, diretor comercial da empresa.

É o mesmo caso da empresa catarinense de eletrônicos Intelbras. Para esse ano, a empresa reservou 100 milhões de reais para investimentos. Nos últimos dez anos ela foi uma compradora em série: adquiriu sete companhias e está no aguardo de anunciar outras três aquisições.

“Estamos no aguardo das reformas, mas estamos muito otimistas com a retomada econômica”, diz Altair Silvestri, presidente da Intelbras. Segundo diversos empresários ouvidos por EXAME, há vários investimentos represados esperando uma previsibilidade maior para os próximos anos. A questão, agora, é o governo ajudar.

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