Chegou a hora de o fast food de frango decolar no Brasil?

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O Brasil é o maior exportador de carne de frango do mundo. É também um dos maiores consumidores — 43% de toda a carne consumida no Brasil é de frango. Mas, em pleno 2019, vender pratos e porções à base de frango continua um tremendo desafio para as redes de fast food instaladas no país. Relatório publicado nesta segunda-feira pelo banco BTG Pactual afirma que pode estar na hora de esse cenário mudar.

Segundo o BTG, a penetração de redes de fast food especializadas em frango é de apenas 1% no Brasil, ante 8% no México e 11% nos Estados Unidos. Um dos motivos é a tardia expansão das grandes redes no país. O Kentucky Fried Chicken (KFC), maior rede dos EUA e sucesso em mercados como o chinês, chegou ao país nos anos 70, mas sofreu com estratégias errôneas que incluíram até uma gestão conduzida pelo músico Sergio Mendes — que como dono de franquias de frango se mostrou um exímio pianista.

Mais recentemente, uma onda de negócios deu início a uma nova tentativa de expandir as redes de frango pelo país. O mais emblemático deles foi anunciado no final de julho, quando a International Meal Company (IMC), o empresário Carlos Wizard Martins e seus filhos Charles Martins e Lincoln Martins, anunciaram a incorporação da MultiQRS, detentora dos direitos de máster-franquia dos sistemas Pizza Hut e KFC no Brasil.

A IMC é dona de outra rede especializada em frango, a Frango Assado. Wizard e seus filhos eram donos da operação brasileira do KFC desde janeiro de 2018. No primeiro semestre a operação da KFC cresceu 38%, segundo a empresa, com destaque para lojas menores, de até 65 metros quadrados. A rede tem hoje 62 lojas no Brasil e retomará os planos traçados por sua controladora global, a Yum! Brands, que no início da década traçou a meta de chegar a mil lojas no Brasil.

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A aposta é de um menu “tropicalizado”, que vá além do balde de frango frito e inclua pratos e também sanduíches saudáveis. A empresa também fechou uma parceria com os serviços de entrega Uber Eats, Rappi e Ifood para impulsionar o delivery, que hoje responde por 30% da receita.

 

O principal concorrente tende a ser outra rede americana, a Popeye’s, que tem 17 lojas no Brasil e cardápio e posicionamento muito parecido — preços baixos em praças de alimentação. A rede chegou ao país há um ano, trazida pelo Burger King Brasil com a ambiciosa meta de chegar 300 unidades em dez anos. A Popeye’s está presente em 25 países e só nos Estados Unidos tem 2.800 restaurantes. Assim como o Burger King, a companhia é controlada pela RBI, do fundo brasileiro 3G.

Segundo o BTG Pactual, o alto consumo de frango no país e a baixa penetração de redes de fast food especializadas criam um ótimo ambiente para o crescimento das companhias. Com pouco espaço para crescer nos EUA, as redes veem em países como o Brasil uma esperança.

Inspiração chinesa 

O objetivo é emular parte do que o KFC conseguiu na China, onde chegou em 1987 e hoje tem 6 mil lojas. Sozinha, a rede tem 11% do mercado de fast food chinês, segundo a consultoria Euromonitor. Por lá, a companhia também adotou pratos tradicionais, como sorvete de matcha e camarão frito. O Popeye’s anunciou em julho o objetivo de abrir até 1.500 restaurantes no país em uma década.

Mas o sucesso do KFC na China acende também uma luz amarela para as companhias que, em pleno 2019, tentam fazer do Brasil um novo campeão do frango frito. O KFC está tão espalhado no país que lançou recentemente em Hangzhou um restaurante conceito focado em pratos saudáveis, o KPRO, que oferece saladas de quinoa, sanduíches de salmão e sucos naturais.

O objetivo é chegar à nova geração de consumidores chineses que, tal como aqui, são mais preocupados com saúde e frescor. No Brasil, KFC e Popeye’s vão tentar fisgar todos os tipos de consumidores de uma vez, unindo o século 21 ao bom e velho século 20. A estratégia vai decolar?

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