Já passaram cinco anos desde que gigante de telecomunicações chinesa Huawei deixou de vender seus smartphones no Brasil, em 2014. De lá para cá, a empresa, focada na Ásia, pulou de quarta para segunda maior fabricante de celulares do mundo, à frente da americana Apple e atrás da coreana Samsung. Nesta sexta-feira 17, a empresa volta ao Brasil, a lançar por aqui seu novo celular topo de linha, o P30.
O segredo da Huawei para saltar de 6% para 19% de participação no mercado mundial desde 2014 foi apostar em produtos de boa qualidade a preços menores. A parceria com a fabricante de lentes alemã Leica é vista como um dos divisores de água para — literalmente — melhorar a imagem da companhia chinesa, fazendo os celulares da Huawei ficarem no mesmo nível dos concorrentes mais caros.
Anteriormente, a Huawei vendia no Brasil aparelhos de entrada e com resultados não muito bons. A estratégia, agora, é focar em produtos intermediários e de ponta. A versão mais barata do P30, a Lite, vai custar 2.499 reais, e a mais cara, a Pro, 5.499 (em uma estratégia agressiva, contudo, a Huawei vem oferecendo descontos de mais de 2.000 reais em algumas lojas). A empresa também deve começar a fabricar os aparelhos no Brasil em breve, embora não com fábricas próprias.
A Huawei é o expoente de um novo momento para as chinesas: enquanto o número de smartphones vendidos caiu pela primeira vez na história em 2018, a empresa viu suas vendas crescerem 35%, com bons resultado na Ásia e na Europa. Outras chinesas como Xiaomi e ZTE também tiveram crescimento na casa dos dois dígitos no ano passado. A Xiaomi também planeja a chegada ao Brasil em maio, com um evento marcado para o próximo dia 21 em que deve anunciar os lançamentos.
Expandir para um mercado de 200 milhões de habitantes e em que há mais de um smartphone por pessoa já seria uma necessidade para qualquer gigante da tecnologia, mas pode ser particularmente importante para a Huawei e outras chinesas em um momento de guerra comercial da China com os Estados Unidos.
A Huawei, que também fabrica redes e é pioneira na tecnologia de internet ultrarrápida 5G, foi banida dos Estados Unidos pelo governo do presidente Donald Trump, que a acusa de espionar seus cidadãos e empresas. Neste cenário, voltar ao Brasil era questão de tempo. A hora chegou.