Vender bebida alcóolica pode não ser o caminho mais rápido para amealhar uma fortuna, mas uma família pode ganhar bastante dinheiro se permanecer no ramo por muito tempo.
Um exemplo é a família Bacardi. O entusiasmo mundial pelo rum da marca inunda os cofres da família desde 1862, enriquecendo centenas de membros do clã, agora espalhados por todo o planeta.
Todos os dias, 6 milhões de copos de rum Bacardi com Coca-Cola são preparados ao redor do mundo. Em 2017, a popularidade da Cuba Libre ajudou a Bacardi Ltd. a vender 17 milhões de engradados do produto.
Quem prefere tomar um Negroni — coquetel preparado com uma dose de Campari — enriquece outra família, os Garavoglia, da Itália. Quem bebe Cointreau recheia os bolsos dos Heriard Dubreuils, da França. Com o whisky não é diferente. A família Brown, do Estado americano de Kentucky, é bancada por quem bebe Jack Daniel’s. No Japão, o clã Saji Torii é dono da Suntory, que faz o Jim Beam. A família Beckmann produz a José Cuervo, tequila mais vendida do mundo. Os franceses de sobrenome Ricard controlam as marcas de aperitivos Pernod e Ricard, o whisky Jameson e a vodka Absolut.
Essas dinastias — algumas com 1.300 anos de existência — mostram como famílias conseguem se manter nesse setor, embora muitas dessas empresas tenham feito abertura de capital. Esse grau de controle e participação societária tão maior do que em outros segmentos é incrivelmente lucrativo. A soma das participações das sete famílias mais ricas do mundo no ramo de bebidas alcóolicas chega a US$ 70 bilhões, segundo cálculos do Bloomberg Billionaires Index.
A natureza do negócio exige planejamento de longo prazo e isso funciona bem quando uma família está no comando, explicou Alexandre Ricard, presidente da Pernod Ricard e neto de Paul Ricard, que criou o pastis de mesmo nome em 1932.
“Temos bilhões de euros em estoque estratégico, com idade média de sete anos”, disse ele. A empresa revelou neste mês seu mapa de sustentabilidade e responsabilidade — para 2030.
“Ter uma base de acionistas comprometida, engajada e de longo prazo, ancorada pela família Brown, nos proporciona uma vantagem estratégica importante, particularmente em um negócio com produtos envelhecidos e marcas que atravessam múltiplas gerações”, disse Elizabeth Conway, porta-voz da Brown-Forman, fabricante do Jack Daniel’s.
Mesmo com coquetéis e destilados puros ganhando popularidade entre os jovens, pode ficar mais difícil manter o controle familiar.
A consolidação é disseminada e reinvestir e comprar marcas atraentes é mais fácil para gigantes como a Diageo, que tem US$ 12 bilhões em receita anual e marcas como Johnnie Walker e Smirnoff.
A história dos Bronfman, que fizeram fortuna fabricando whisky no Canadá quando era proibido vender bebida alcóolica, é um alerta. A empresa da família, a Seagram, conseguiu se manter na liderança até a década de 1990, mas a decisão equivocada de entrar na indústria de entretenimento, tomada por Edgar Bronfman Jr., da terceira geração, levou ao desmembramento e à venda da companhia. A divisão de bebidas foi para Pernod Ricard e Diageo em 2000.
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