Força rebelde na Líbia realiza bombardeio aéreo na periferia de Trípoli e ONU pede trégua urgente

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TRÍPOLI- O Exército Nacional Líbio (ENL) do marechal Khalifa Haftar, que controla o leste da Líbia, afirmou neste domingo que efetuou seu primeiro bombardeio aéreo na periferia de Trípoli, sede do Governo de União Nacional (GNA), reconhecido pela comunidade internacional. No sábado, os rebeldes do ENL foram alvo de bombardeios do GNA. Em resposta à escalada de tensões, a ONU pediu uma trégua urgente para evacuar feridos e civis.

A Líbia enfrenta um cenário de caos desde a queda do regime de Muamar Khadafi em 2011, com duas autoridades que disputam o poder há vários anos: o governo de Trípoli, instalado em 2015 e reconhecido por outros países, e o ENL de Haftar, que controla a região leste do país.

O bombardeio aéreo em Trípoli foi anunciado pela página do Facebook do “escritório de mídia” dos insurgentes, enquanto violentos combates em terra ocorrem a cerca de 30 km ao sul da cidade. As forças leais ao líder rebelde Khalifa Haftar mantiveram na véspera sua ofensiva rumo à capital líbia sem dar ouvidos aos apelos da comunidade internacional para cessarem as hostilidades.

No sábado, o chefe do governo rival, Fayez al Sarraj, advertiu para uma “guerra sem vencedores”:

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—  Estendemos nossas mãos para a paz, mas após a agressão de parte das forças pertencentes a Haftar (…), a única resposta será a força e a firmeza”.

O avanço do ENL foi contido pelas operações das forças leais ao GNA, que tentam frear a ofensiva lançada na quinta-feira, quando Haftar ordenou ao seu grupo avançar em direção a Trípoli. Na ocasião, em mensagem de áudio, Haftar afirmou que “Chegou a hora” e  prometeu não causar danos aos civis, às “instituições do Estado” e aos estrangeiros. A força de proteção de Trípoli anunciou imediatamente uma contra-ofensiva para ” frear o avanço maldito” de Haftar.

Rússia pede diálogo        

Desde a deposição, em 2011, de Muammar Kadhafi, a Líbia está mergulhada no caos. O país tem muitas milícias que disputam regiões e duas autoridades rivais, o GNA, e no leste do país o ENL. A nova escalada de tensão ocorre antes de uma Conferência Nacional, capitaneada pela ONU, prevista para meados de abril em Gadamés, sudoeste do país, para esboçar um “mapa do caminho” para tirar a Líbia do caos, com eleições incluídas.

O enviado da ONU ao país, Ghassan Salamé, disse no sábado que a conferência se mantém, apesar da ofensiva de Haftar contra Trípoli.

— Estamos determinados a organizar” esta conferência “na data prevista”, de 14 a 16 de abril, “salvo que circunstâncias de força maior o impeçam— disse Salamé em coletiva de imprensa em Trípoli.

O chanceler russo, Serguei Lavrov, pediu um “diálogo inclusivo” e “sem os prazos artificiais que alguns tentam impor (aos líbios) a partir do exterior”, sem informar a que prazo se referia.

Analistas avaliam que a conferência não faz mais sentido. “Já significava pouco antes da ofensiva de Haftar. Agora significa ainda menos”, disse Khalel Harshaui, pesquisador do Instituto Clingendael de Haia.



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