Perícia de incêndio no Museu Nacional confirma descaso

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Não foi raio, balão, pico de energia, muito menos um incendiário, o vilão que transformou em cinzas o valioso — e irrecuperável —acervo do Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista. Foi descaso mesmo. A minuciosa perícia feita pela Polícia Federal concluiu que o incêndio que destruiu a mais antiga instituição científica do país, na noite de 2 de setembro do ano passado, foi causado por uma sobrecarga num aparelho de ar-condicionado instalado no auditório. Uma gambiarra na fiação pode ter contribuído para agravar o quadro. Segundo os peritos, o equipamento que pegou fogo estava ligado, junto com outros dois, a um mesmo disjuntor, o que contraria normas de segurança. Foi constatado ainda que o sistema não tinha aterramento, como recomendado.

Apesar dessas falhas, isso, por si só, talvez não causasse o estrago que se viu. Mas outros desleixos ajudaram o fogo a se propagar. Os peritos enfatizaram que o museu não tinha equipamentos básicos de combate a incêndio. Como sprinklers (chuveirinhos) ou portas corta-fogo. Não contava também com hidrantes de parede. Os detectores de fumaça não estavam acionados, e várias câmeras internas não funcionaram.

Segundo afirmou ao GLOBO Wesley Pinheiro, consultor de prevenção e combate a incêndios, o Museu Nacional teria de contar com uma brigada antifogo, por ser um prédio construído antes de 1976, quando entrou em vigor a legislação contra incêndio. Mas ela também não existia, pelo menos no horário em que surgiram as chamas, quando a instituição já estava fechada.

Impressiona o pouco caso com que a UFRJ e a direção do museu trataram a segurança do acervo de valor inestimável. Após o incêndio, soube-se que estava prevista a instalação de um sistema contra incêndio no palácio, ao custo de R$ 2,3 milhões, que seriam financiados pelo BNDES. O fogo chegou antes.

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Fica evidente que sempre foi um erro um dos principais museus do país ser administrado por uma universidade que, em que pese a excelência acadêmica, tem graves problemas para administrar o patrimônio. Antes do Museu Nacional, a histórica Capela São Pedro de Alcântara, no campus da Praia Vermelha, já tinha tido o mesmo destino — o prédio de 1850 foi consumido pelas chamas em março de 2011.

Convém lembrar ainda que não havia qualquer plano de contingência. Grandes museus do mundo, como o Louvre, em Paris, têm projetos para retirar as peças mais valiosas em caso de incêndio. No Museu Nacional, isso ficou por conta de funcionários abnegados, que se arriscaram para salvar partes do acervo, tudo por conta própria.

O Museu Nacional está destruído. Mas existem outros, país afora, com problemas semelhantes. É preciso agir para evitar que essa tragédia se repita.



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