BRASÍLIA — Após a Justiça Federal em Brasília proibir que o governo faça no próximo domingo, dia 31 de março, atos alusivos aos 55 do golpe militar, o porta-voz da Presidência, Otávio do Rêgo Barros, afirmou que o Planalto não comentará mais sobre o tema.
— O que nós tínhamos para falar ao longo da semana já foi colocado de forma clara e não temos mais nada adiantar — disse o porta-voz, ao ser questionado pela imprensa sobre como o governo via a decisão judicial.
Na manhã desta sexta-feira, Bolsonaro participou de uma cerimônia de hasteamento da bandeira no Palácio do Alvorada. Questionado se o ato era uma alusão ao 31 de março, o porta-voz desconversou e, olhando para as câmeras da televisão, disse que gostaria que toda a sociedade tivesse “disponibilidade e patriotismo” para se prostrar diante da bandeira.
— Sobre o hasteamento da bandeira, gostaria muito que toda a sociedade tivesse a disponibilidade e o patriotismo de prostra-se diante da bandeira ao menos uma vez por semana para caracterizar, por meio desse gesto, o seu apreço à soberania que essa bandeira representa e a importância que de nós termos uma sociedade democrática e livre — disse.
Na tarde desta sexta-feira, a juíza Ivani Silva da Luz , da 6ª Vara da Justiça Federal em Brasília, atendeu a um pedido da Defensoria Pública da União e proibiu a celebração da data que deu início a 21 anos de ditadura militar, entre 1964 e 1985. O período foi marcado pelo fechamento do Congresso Nacional, cassação de direitos políticos, perseguição e tortura de adversários políticos, além de censura à imprensa.
No início da semana, Rêgo Barros disse à imprensa que Bolsonaro determinou que o Ministério da Defesa fizesse “as comemorações devidas” no aniversário da data. Após repercussão negativa, o presidente mudou o tom e disse, na quinta-feira, que mandou apenas “rememorar” o fato.
— Não foi comemorar. (Foi) rememorar, rever o que está errado, o que está certo e usar isso para o bem do Brasil no futuro — disse o presidente aos jornalistas.