Brasília — O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, defendeu nesta quarta-feira, 27, uma revisão histórica do golpe militar de 1964. Ao comentar as “comemorações” do próximo dia 31 de março, quando o início da ditadura militar completa 55 anos, Mourão afirmou que a data representa um “fato histórico” e, portanto, é preciso “mostrar o que aconteceu”. Ele considera que no futuro a data será vista como o “ápice das intervenções militares”.
“Cada um tem sua ótica sobre isso aí, eu vejo que precisamos que atores e historiadores isentos analisem, esta é a minha visão. Olho muito assim e acho que no futuro vai ser visto que 31 de março foi o ápice das intervenções militares durante a história da República”, disse o vice.
Por sua vez, o presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quarta que não houve ditadura militar no Brasil, mas admitiu que houve “probleminhas” no regime que iniciou em 1964 e foi até 1985.
Assim como no texto da ordem do dia que será lido nos quartéis no próximo domingo, Mourão destacou que o início da ditadura ocorreu no “contexto da Guerra Fria” para justificar excessos. O documento é assinado pelo ministro da Defesa, Fernando Azevedo, e os comandantes das Forças Armadas. Também afirmou que o texto da ordem do dia é “conciliador”, embora o documento não faça qualquer autocrítica.
“Guerra tem excessos e estas coisas são sabidas. Acho que o que vai ser feito em termos de ordem do dia vai ser algo muito conciliador colocando que as Forças Armadas combateram o nazifascismo, combateram o comunismo e isto é passado e faz parte da história”, justificou Mourão.
Como revelou o jornal O Estado de S. Paulo, Bolsonaro estimulou comemorações nos quartéis no dia 31 de março. Agora, a orientação tem sido questionada na Justiça. Sobre o assunto, Mourão questionou: “vivemos um estado democrático de direito? Não faz parte cada um defender aquilo que é justo?”. “Então, tudo bem, usem os instrumentos legais”, continuou.
Questionado se acha justo vítimas da ditadura entrarem na Justiça contra as comemorações, falou que considera “normal” usar os instrumentos legais. Indagado sobre o fato de eventualmente a comemoração agredir de alguma forma familiares de vítimas da ditadura, declarou que “houve vítimas de ambos os lados”. E que a lembrança da data nos quartéis sempre foi feita e “não tem nada demais nisso aí”.