Neste domingo, o Maracanã recebe o primeiro clássico após o Estado do Rio de Janeiro romper contrato com o consórcio que fazia a gestão do estádio. Quis o destino que o duelo fosse justamente entre Flamengo e Fluminense, os dois clubes que tinham vínculo vigente com a empresa para mandar jogos no local. Nesta última rodada da Taça Rio, os clubes veem, então, uma possibilidade de mostrar força e provar que há condições de fazer o estádio “pulsar” por conta própria.
As diretorias do Rubro-Negro e do Tricolor, por enquanto, buscam alternativas, mas já deixaram explícita a vontade de participar da nova gestão do Maracanã – a Odebrecht tem até o dia 19 para deixar o estádio.
O contrato do Complexo Maracanã e Entretenimento S.A. foi assinado com Flamengo e Fluminense em 2013 (gestão Bandeira de Mello e Peter Siemsen, respectivamente) pouco após as reformas visando a Copa do Mundo que aconteceria no ano seguinte. Desde então, com algumas exceções, os clubes tinham o estádio como casa, tendo lado fixo na arquibancada e locais para ações junto aos torcedores.
Porém, nunca esconderam insatisfações com os altos valores praticados pela parceira, que fazia com que déficits fossem comuns, mesmo em jogos com ocupação razoável. Na atual temporada, por exemplo, o Fluminense não teve lucro em jogo algum e o Flamengo, mesmo quando lotou, ficou com cifras bem abaixo do esperado.
Os montantes negativos faziam, inclusive, com que torcedores e alguns dirigentes impulsionassem a ideia de um estádio próprio.
Nos últimos meses da gestão de Eduardo Bandeira de Mello, que esteve à frente do Flamengo entre 2013 e 2018, chegou-se a assinar um termo de intenção de compra de um terreno na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro. O Fluminense, em 2016, também teve a iniciativa, mas para um local próximo a antiga Vila do Pan, também na Zona Oeste da Cidade Maravilhosa.
A parceria entre Estado do Rio de Janeiro e Consórcio Maracanã e Entretenimento S.A. foi rompido no início da última semana, sendo anunciado pelo governador Wilson Witzel em entrevista coletiva. A ação pegou clubes e o próprio consórcio de surpresa.
O Estado alega que o Consórcio tem uma dívida desde 2017, que chega a R$ 35 milhões. A empresa, por outro lado, afirma que os valores são referentes ao “uso comercial das áreas do entorno do estádio, como o Célio de Barros, o Julio Delamare e adjacências, fato que não ocorreu em função da decisão unilateral do governo de tombar estes espaços”.
Polêmica
Recentemente, o Fluminense se envolveu em uma polêmica com o consórcio que fazia a gestão do Maracanã. Na final da Taça Guanabara, entre Vasco e o Tricolor, o Complexo Maracanã S.A. sinalizou ao Cruz-Maltino, mandante, que a torcida poderia utilizar o Setor Sul. Porém, o Fluminense alegou que, pro contrato, o Setor Sul deveria ser usado pela torcida do clube das Laranjeiras.
Na noite anterior à partida, o caso foi parar na Justiça, que determinou portões fechados. Horas antes da partida, o Vasco, por sua vez, conseguiu uma liminar que permitia a entrada de torcedores, o que acabou acontecendo já com o jogo em andamento.
LEMBRE O CASO
ROMPEU
Na última segunda-feira, Wilson Witzel, governador do Rio de Janeiro, anunciou, em entrevista coletiva, que o vínculo com o Complexo Maracanã S.A. estava rompido e a empresa teria até o dia 19 de abril para se retirar do estádio.
GOSTARAM
Flamengo e Fluminense se manisfestaram sobre o rompimento do contrato do Estado com o Complexo Maracanã S.A. e os dois clubes elogiaram a atitude de Wilson Witzel. Além disso, afirmaram ser interessante que as agremiações possam ser mais ativas na gestão a partir de agora. O consórcio, por sua vez, se dizia surpreso.
RETALIAÇÃO?
Na última quinta-feira, o Complexo Maracanã S.A. enviou um ofício à Federação de Futebol do Rio de Janeiro (Ferj), Flamengo e Fluminense afirmando que, por conta do calendário, só poderia realizar uma semifinal da Taça Rio, segundo turno do Campeonato Carioca.
FERJ REBATE
Na última sexta-feira, a Ferj rebateu o consórcio e manteve as duas semifinais da Taça Rio no Maracanã.
“A Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro estranha e duvida que a Greenleaf tenha participação nesse tal impedimento de uma semifinal da Taça Rio ser realizada no Maracanã, três dias depois da decisão do Governo do Estado (quanto à concessão)”