6 histórias de imigrantes que mudaram a economia do Brasil

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Nesta segunda-feira, dia 19 de agosto, às 20h40, o canal History estreia a série Brasil de Imigrantes, uma produção original nacional em parceria com a Elo Company. Dividida em seis episódios e apresentada pela atriz Maria Fernanda Cândido, a série vai abordar a história de seis famílias que, pelas dificuldades em que se encontravam em seus países de origem, se viram obrigadas a migrar para o nosso país e reconstruir suas vidas.

As histórias contadas serão as das famílias Ostrowiecki (Polônia), Thái (Vietnã), Bauducco (Itália), Nakaya (Japão), Saraiva (Portugal) e Vélez (Colômbia). Expondo o contexto histórico, social e econômico de cada caso, o programa mostra como esses imigrantes trouxeram sua experiência pessoal de outras culturas e de que modo se adaptaram ao Brasil para prosperar no país. Além de depoimentos dos integrantes das famílias, os episódios contam com a participação de historiadores e especialistas, como Ana Fontes, Heródoto Barbeiro, Mara Luquet e Renato Cruz.

Mais do que pelo resgate histórico que faz, a série é interessante por seu ângulo econômico, já que todas as famílias retratadas começaram negócios bem-sucedidos por aqui. As dificuldades, os projetos e a visão desses empreendedores são aspectos importantes abordados no programa. Como empreender em um país estranho e uma cultura diferente? Como arranjar capital sendo um estrangeiro? Como provar para o mercado que você sabe o que ele quer se não é nativo dele? Essas e outras questões são levantadas ao longo dos episódios.

1. Italianos

Para os italianos, o período de “grande migração” ao Brasil ocorreu entre 1870 e 1920. Estima-se que cerca de 7 milhões deixaram a Itália e desembarcaram em terras brasileiras nessa época. A chegada deles escancarou um racismo que existia no Brasil: os que tinham cabelos loiros se tornavam proprietários de terras, enquanto os de cabelos escuros (traço que denunciava a origem do sul da Itália, mais pobre que o norte) viravam camponeses.

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São Paulo acabou se tornando o principal destino desses imigrantes, especialmente devido às zonas cafeeiras. O contrato de trabalho nessas plantações garantia a moradia e o plantio para consumo próprio, o que facilitava um pouco as coisas. Mas é claro que o contrato tinha seu lado negativo também: a família inteira tinha que trabalhar, inclusive mulheres e crianças. Além de ocuparem propriedades rurais no Sul e no Sudeste, eles também se fixaram com sucesso na área urbana: em 1901, 90% dos trabalhadores de fábricas de São Paulo eram italianos.

Carlo Bauducco, o personagem do primeiro episódio de Brasil de Imigrantes, veio para o país na década de 1950. Muitos dos costumes italianos já haviam sido agregados aos brasileiros, especialmente na área da culinária, mas faltava um item: o panetone. Percebendo a ausência do quitute nas lojas, abriu uma doceria para produzi-lo. Era o começo da história de uma das maiores marcas de doces, bolos e bolachas do país. Na série, Massimo Bauducco conta como manteve e diversificou a fábrica da Bauducco iniciada por seu avô.

2. Poloneses

A imigração polonesa para o Brasil começou no século 17, mas só se tornou forte no século 19, quando era estimulada a vinda de europeus pela necessidade de substituir a mão de obra escrava, agora liberta. Os poloneses tinham motivação econômica para sair de seu país, mas também política: a Polônia passava por um momento delicado, com perseguições de teor ideológico e insegurança individual e coletiva.

Assim como outro forte grupo migratório, o dos alemães, os poloneses ocuparam principalmente regiões no Sul e no Sudeste. Trabalhavam em lavouras principalmente, mas o alto volume de imigrantes significou que muitos deles também foram deslocados para o ramo de construção civil.

O segundo episódio de Brasil de Imigrantes conta a trajetória da família Ostrowiecki, que chegou ao país após sobreviver ao Holocausto. Um dos filhos, Israel, desenvolveu uma técnica de reciclagem de cartuchos de impressora que foi pioneira na América Latina. Dessa atividade surgiu a Multilaser, empresa com faturamento acima de 2 bilhões de reais atualmente e que está sob o comando do filho de Israel, Alexandre Ostrowiecki.

3. Colombianos

Um dos ápices de oferecimento de abrigo a refugiados no Brasil foi no ano de 2007, quando muitos colombianos migraram para cá buscando escapar da guerra civil promovida pelos cartéis do narcotráfico, pelas Farc e pela extrema direita do paramilitarismo. Ameaçados ou coagidos por um desses grupos e passando necessidades pela falta de emprego, muitos colombianos deixaram (e ainda deixam) seu país à procura de paz e oportunidade.

Segundo dados de 2018 do Ministério da Justiça, os colombianos eram o terceiro maior grupo de refugiados no Brasil, compondo 10% do total – atrás apenas dos da Síria (35%) e do Congo (13%). O fluxo de migração, no entanto, diminuiu nos últimos anos, e a Colômbia, ironicamente, virou também destino de refugiados, a maioria saída da Venezuela.

Em Brasil de Imigrantes, somos apresentados à família Vélez, que fugiu da Colômbia para a Costa Rica depois do sequestro de um de seus membros. Após trabalhar nos negócios da família, David Vélez foi estudar no Vale do Silício e acabou vindo parar no Brasil. Aqui, impressionado com a burocracia do sistema bancário, resolveu abrir um banco virtual para mudar a forma como o brasileiro lida com seu dinheiro. E assim surgiu o Nubank.

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PR-THC-Inmigrantes-Screening-FotosFamilias-A3-BRA-Bauducco-LOW(Canal HistoryDivulgação)
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PR-THC-Inmigrantes-Screening-FotosFamilias-A3-BRA-Gooc-LOW(Canal HistoryDivulgação)

4. Japoneses

Os japoneses que deixavam sua nação costumavam ter como destino os Estados Unidos, até que, no começo do século 20, os americanos vetaram sua imigração. A partir daí, o fluxo passou a ser para o Brasil, que hoje possui a maior colônia de japoneses fora do Japão em todo o mundo. O país, carente de mão de obra após o fim da escravidão, estava feliz em receber os imigrantes.

Os primeiros japoneses chegaram em 1908 sob a proposta de que trabalhariam aqui por cinco anos e depois voltariam para casa. Para eles havia a promessa de lucro no trabalho, dinheiro que levariam para seu país de origem. Como, obviamente, os dividendos não foram o esperado, acabaram ficando.

Boa parte dos imigrantes foi enviada para localidades próximas aos trilhos da malha ferroviária de São Paulo como forma de povoar essas áreas e cuidar das plantações de café. De fato, esse estado acabou sendo o mais marcado pela cultura e pela culinária japonesa. Muitos imigrantes também foram para Santa Catarina e Minas Gerais, onde cultivavam hortaliças, chá e arroz, e para estados do Norte, em que havia cultivo de pimenta-do-reino.

Na série Brasil de Imigrantes, conhecemos a família Nakaya, que veio para o Brasil fugindo da Primeira Guerra Mundial. Como forma de manter as suas tradições, o patriarca Suekichi

Nakaya começou a produzir shoyu e missô artesanalmente para atender aos pedidos de parentes e amigos. A atividade ficou tão grande que virou uma empresa, a Sakura, que hoje vende 1 milhão de litros de shoyu por mês. O filho de Suekichi, Renato Kenji, atual presidente da empresa, conta a história.

5. Portugueses

Os portugueses emigraram para o Brasil em ondas desde o descobrimento. Nos séculos 16 e 17, chegavam por aqui cerca de 500 anualmente. Nos séculos 18 e 19, esse número alcançou 10 000 por ano. Mas o ápice foi mesmo entre 1900 e 1930, com a vinda de cerca de 25 000 portugueses por ano.

Até mais ou menos a metade do século 19, a maior parte dos imigrantes era composta de pessoas ricas ou de classe média alta, interessadas em explorar os recursos naturais do Brasil. A partir de 1851, porém, esse perfil mudou e começaram a vir para cá portugueses mais pobres, especialmente mulheres e pequenos proprietários rurais. Eles buscavam emprego, já que a explosão demográfica em Portugal dificultava prosperar por lá – uma realidade que só mudou no país europeu a partir da década de 1930.

A influência portuguesa no Brasil é enorme, indo desde a culinária (o barreado, prato tradicional do Paraná, é uma receita portuguesa, por exemplo) até a arquitetura, a cultura e a política. Na série Brasil de Imigrantes, o quinto episódio traz a história da família Saraiva, proveniente de uma aldeia de camponeses, que deixou Portugal durante o regime ditatorial de António Salazar (que durou de 1933 a 1974).

No começo, a família vendeu doces na rua para sobreviver. Depois, conseguiu abrir uma padaria. Mas o assassinato do patriarca forçou o filho, Alberto Saraiva, a enxergar mais longe. Com um projeto focado em preços acessíveis, ele abriu diversos negócios até chegar ao maior deles: a rede de fast food Habib’s.

6. Vietnamitas

De todas as comunidades citadas nesta reportagem, a vietnamita é a menor, composta por um grupo que não chega a 200 pessoas, a maioria emigrada no fim dos anos 1970. Os imigrantes estão concentrados em São Paulo, onde fica também o primeiro restaurante vietnamita do país, o Miss Saigon.

O sexto e último episódio de Brasil de Imigrantes mostra as conquistas da família Thái. Aos 21 anos, Thái Nghiã chegou ao Brasil em 1979 apenas com as roupas do corpo, de carona em um navio petroleiro da Petrobras que o resgatou em alto-mar. Ele havia passado um tempo preso num campo de concentração em Saigon e, agora livre, fugia do regime comunista e buscava uma vida nova. Sem nenhum parente, sem falar português e tendo de lidar com uma cultura estranha, Thaí descobriu na reciclagem de pneus uma oportunidade de prosperar. Ali surgiu a Goóc, fabricante de sandálias, bolsas e outros produtos sustentáveis.

As histórias dessas famílias e de seus negócios podem ser conferidas em Brasil de Imigrantes, que estreia no canal History. Com episódio duplo no dia 19 de agosto, às 20h40, e inéditos semanais às segundas no mesmo horário.

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