BUENOS AIRES — Confirmando o cenário deixado pelas eleições primárias de agosto último, o resultado do primeiro turno da eleição presidencial argentina aponta, segundo analistas e importantes meios de comunicação locais, para uma “vantagem” do candidato da aliança entre peronistas e kirchneristas Alberto Fernández.
A chapa, integrada também pela senadora e ex-presidente Cristina Kirchner (2007-2015), teria, de acordo com informações que estão sendo divulgadas extraoficialmente por empresas de consultoria e canais de TV, alcançado uma vantagem superior a dez pontos percentuais em relação à formada pelo presidente Mauricio Macri e o senador peronista Miguel Angel Pichetto.
Para vencer a eleição no primeiro turno na Argentina é necessário alcançar pelo menos 40% dos votos, com dez pontos de vantagem em relação ao segundo colocado. Analistas consultados disseram que Fernández deve superar 50% e Macri não conseguiria chegar a 40%. Nas primárias, o candidato da aliança entre peronistas e kirchneristas ficou 17 pontos acima do presidente.
— Os dados que temos mostram um panorama irreversível. Era o que se esperava — disse um analista que, com dados oficiais ainda não divulgados, pediu para não ser identificado.
Os resultados oficiais serão divulgados a partir das 21h, mas o próprio Fernández já comemorou uma possível vitória:
— É um grande dia para a Argentina — disse, sorridente, ao sair de casa para se dirigir ao quartel-general da campanha, onde uma multidão o espera. — Estamos muito contentes, estamos superando a quantidade de votos das primárias.
O governo, do seu lado, evita falar em números.
— Nos parece apressado falar em números. Antecipar-se pode levar a cometer erros — limitou-se a dizer o chefe de gabinete e principal estrategista político do governo, Marcos Peña.
Ao ser consultado sobre um encontro entre o presidente e seu rival antes da abertura dos mercados nesta segunda, o braço direito de Macri não descartou a possibilidade de um eventual segundo turno em novembro e disse que, nesse caso, “não faria sentido”.
O temor de uma disparada do dólar é grande e, também, de um forte aumento do risco-país, já que um eventual triunfo de Fernández é visto com preocupação por investidores locais e internacionais. Mais cedo, ao votar, o candidato peronista pediu tranquilidade aos argentinos.
— Estamos vivendo uma enorme crise e temos de ser responsáveis — disse o candidato da aliança Frente de Todos, tentando acalmar os ânimos dos que temem uma nova desvalorização do peso na próxima semana caso sua chapa com Cristina seja a vencedora da eleição.
O ministro do Interior, Rogélio Frigerio, afirmou que a participação superou 80%, uma das mais altas dos últimos anos.
Segundo as mesmas informações extraoficiais, o governo Macri teria sido derrotado na província de Buenos Aires, mas teria vencido na capital do país.
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