Tecnologia é essencial, mas desligar também, diz Palmaka, da SAP

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A tecnologia nunca foi tão importante para a vida das pessoas quanto no período da quarentena. Chamadas de vídeo, redes sociais, aplicativos de delivery e de comércio eletrônico se tornaram parte do dia a dia. Mas, para a presidente de uma das maiores empresas de tecnologia de software do Brasil e do mundo, o período também mostra a importância de se desconectar .

“A gente percebe que adora a tecnologia, mas que sente falta do humano e do social. Tecnologia é bacana, mas estar junto, estar em um happy hour presencial e abraçar também faz bem, diz a presidente da SAP Brasil, Cristina Palmaka, em entrevista à EXAME. “Vamos retornar de forma lenta depois da quarentena, mas vamos recuperar essa conexão”, afirma.

Com trabalho e vida pessoal no mesmo espaço, as pessoas precisam prestar mais atenção nos limites entre os dois momentos, diz a executiva. “Com as coisas mescladas, é necessário ter um momento de desligar do trabalho e focar nos filhos, na vida pessoal”, afirma.

A empresa de software, com cerca de 1.500 funcionários e 11.000 clientes no Brasil, está impulsionando programas voltados para o cuidado da saúde mental dos funcionários, desde conversas com a presidência sobre o tema até atendimento terapêutico virtual.

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Para oferecer atendimento terapêutico de forma mais acessível aos funcionários, a SAP firmou uma parceria com a startup Vittude, de saúde mental, para oferecer atendimento a funcionários e familiares.

Todos os dias, há uma sessão de ginástica laboral. As comunicações diárias incluem dicas de automassagem e de alimentação saudável.

A companhia passou a olhar para o tema de saúde mental no meio de 2018. Segundo a presidente, a SAP já estava atenta a outros temas de relevância social, como diversidade de gênero, inclusão LGBT e racial. Há ainda um programa voltado ao autismo. 

Para a executiva, o momento é de teste na gestão de pessoas nas empresas. “Assim como diversidade, a preocupação com os funcionários não pode ser modismo. O propósito não pode estar em um documento pendurado na parede”, afirma.

Conversas abertas – e virtuais

Uma das primeiras ações tomadas foi a criação de encontros mensais dos funcionários e líderes com a presidência para falar especificamente sobre saúde mental.

Desde que Palmaka assumiu a presidência da SAP, em 2013, realiza mensalmente o Café com a Cris, um evento para juntar os funcionários e transmitir conversas importantes. No meio do ano passado, a empresa mudou o tema dos encontros para focar especialmente em saúde mental. Nascia o Chá com a Cris. Os três a quatro primeiros chás uniram apenas os líderes, para prepará-los a lidar com o tema.

“Por exemplo, se um funcionário dissesse que estava fazendo terapia, qual deveria ser a reação com a liderança? Sabemos que 95% das pessoas que vão para a terapia não falam sobre isso. Todo mundo acha normal ir ao dentista ou ao médico, mas ninguém fala em terapia. Por isso precisamos preparar os líderes”, diz Palmaka.

O chá foi levado para o ambiente virtual pela primeira vez em abril. Segundo a executiva, no lugar das bebidas e pães de queijo normalmente preparados pela empresa, cada funcionário estava com sua própria caneca de chá em sua casa. “É um aprendizado”, diz. 

Assim como as reuniões para tomar chá com a presidente, as happy hours também se tornaram digitais. Esse é um caminho sem volta: para Palmaka, a tecnologia se tornará ainda mais estratégica na vida dos clientes e consumidores.

A executiva diz que, no último mês, fez apresentações, fechou negócios e implementou produtos à distância, o que seria impensável até então. “Juntamos virtualmente 100 pessoas para uma apresentação grande para um cliente. Quebramos muitos paradigmas”, diz Palmaka.

A companhia apresentou faturamento global de 2 bilhões de euros no primeiro trimestre do ano – a SAP não revela o faturamento no Brasil.

Cuidado com a rotina

Além disso, para aumentar a comunicação entre os funcionários, uma orientação é realizar videochamadas sempre com a câmera ligada. “Agora já conhecemos as casas, filhos e animais de estimação dos colaboradores”, afirma Palmaka.

A executiva diz que tenta manter sua rotina anterior em casa, mas que alguns aspectos precisaram ser adaptados. “Todas as manhãs, tomo café, leio jornal, faço ginástica e começo a trabalhar”, diz Palmaka, que alugou uma esteira para substituir as caminhadas fora de casa. No entanto, não marca mais reuniões corridas durante o horário de almoço, que se tornou um momento para passar com a família. 

De acordo com ela, um cuidado importante no home office é estabelecer um horário para desligar do trabalho, fechar o computador e passar tempo com a família. Finais de semana e feriados, conta, se tornaram mais importantes.

“Quando eu fecho o computador, à noite, aviso minha família: agora sim saí do trabalho e estou em casa”, diz.

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