Rápido em rejeitar Maduro, Brasil agora pisa leve na Venezuela

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Brasília – O Brasil foi um dos primeiros países a reconhecer o presidente da Assembleia Nacional apoiado pelos EUA, Juan Guaidó, como o líder legítimo da Venezuela, mas é improvável que aumente a pressão para ajudar a derrubar Nicolás Maduro.

O presidente Jair Bolsonaro não é fã do chavista, mas tem sido limitado por interesses econômicos e por uma longa tradição brasileira de não-intervenção em outros países. Isso significa que dificilmente seu governo oferecerá algo além da ajuda humanitária ou das palavras de apoio a Guaidó.

Um exemplo da extrema dependência da Venezuela é o caso de Roraima, cujo abastecimento de energia é feito pela hidreletricidade de Guri, do país vizinho. Apesar de o Brasil ter capacidade termoelétrica para abastecer aquele estado, o custo é muito mais alto – um adicional de R$ 684 milhões por ano, de acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica.

“É difícil para o Brasil neste momento, especialmente devido a problemas orçamentários, desconsiderar a energia que vem da usina hidrelétrica de Guri”, disse o vice-presidente Hamilton Mourão, em entrevista à Bloomberg, em seu gabinete, na última quinta-feira.

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Há também cautela do governo com relação a um potencial confronto com a China, que junto com a Rússia apoia o governo de Maduro. A China não é só um grande investidor na infraestrutura de energia e logística do Brasil, mas também o maior cliente de commodities, de soja e minério de ferro a açúcar e café.

“Como o Brasil está em situação bastante difícil e esta grande dependência de commodities facilita ser retaliado, isso tira muito dessa capacidade brasileira de entrar forte”, disse Mauricio Santoro, professor de Relações Internacionais e Ciência Política da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

“Se o Brasil e a China se estranharem na Venezuela, é mais fácil para a China criar problema para o Brasil do que o contrário. Os chineses sabem jogar esse jogo e o fazem sem pudores”, complementou.

Embora Bolsonaro tenha mudado o eixo das relações externas do Brasil e abandonado a neutralidade para uma postura pró-Washington, a política de não intervenção tem sido sacrossanta na América Latina. Com isso, qualquer missão secreta de inteligência ou de apoio a intervenção militar externa seria complexa.

Mourão, um general de quatro estrelas que foi adido militar na Venezuela, acredita que é uma questão de tempo para o governo Maduro desmoronar sob sanções econômicas e pressão política externa, como um “castelo de cartas”.

“O governo de Maduro está estrangulado, está se mantendo numa resiliência. Em determinado momento, uma meia dúzia de oficiais vai dar um grito e o troço vai ruir e, nessa hora, tem de haver uma certa moderação para que se dê uma válvula de escape, uma saída para Maduro e a tribo dele”, avaliou Mourão.

Sem mediação externa, a Venezuela pode entrar numa guerra civil, afirmou o vice, e este seria “o pior dos mundos para a Venezuela e para os vizinhos”.



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