Prêmio Faz Diferença presta homenagem a brasileiros que se destacaram em 2018

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RIO – Em cerimônia realizada na noite desta quarta-feira na Casa Firjan, na Zona Sul do Rio, a 16ª edição do Prêmio Faz Diferença prestou homenagem aos brasileiros que, nas mais diversas áreas de atuação, contribuíram com iniciativas, trabalho e talento para tornar o país e o mundo melhores em 2018. O prêmio, uma iniciativa do GLOBO em parceria com a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), foi entregue aos vencedores de 18 categorias.

A atriz Fernanda Montenegro, grande homenageada da noite, subiu ao palco da Casa Firjan para receber o troféu de Personalidade do Ano, não só pelos inúmeros feitos e prêmios da carreira, mas também por ter se tornado uma voz da classe em um momento em que artistas passaram a ser atacados no Brasil.

Emocionada, a atriz lembrou dos muitos colegas que acompanharam seus 75 anos de carreira. E também do marido e companheiro, Fernando Torres, que morreu em 2008.

– Dedico esse momento ao companheiro de 60 anos de vida em comum, ombro a ombro, com quem tive meus dois filhos. E aos muitos amigos que se foram, e foram fundamentais para a possibilidade de uma vida, que todo dia a gente começa e recomeça — destacou Fernanda, ao receber o prêmio das mãos de João Roberto Marinho e de Alan Gripp, diretor de Redação do GLOBO.

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Antes de deixar o placo, a atriz fez um apelo às autoridades:

— Eu pediria nesse momento que Brasília fizesse a diferença. A gente precisa que haja diferença naquele centrão lá — sentenciou Fernanda. — Vivo crises desde os anos 1930, e olha que aqueles anos foram terríveis, inclusive terminaram com o início de uma guerra. Mas nunca tive uma visão tão destituída do nosso país de personalidades que saibam o que querem, de lideranças. O teatro tem um santo padroeiro, São Genésio. Pediria a ele para que fale com nosso Senhor para ver se melhora, que nos traga esperança.

Em seu discurso na abertura da cerimônia, o vice-presidente do Grupo Globo, João Roberto Marinho, destacou que o prêmio é uma busca do GLOBO em disseminar histórias inspiradoras de pessoas conhecidas ou anônimas que trabalham para melhorar o país e o mundo.

– Ao longo de tantos anos, milhares de histórias comoventes foram encontradas nas páginas de nosso site e de nosso jornal. Notícias boas e inspiradoras – afirmou.

Já o presidente da Firjan, Eduardo Eugênio Gouveia Vieira, destacou a importância dos premiados para a sociedade, ressaltando que o evento deste ano ocorre em um espaço inaugurado há seis meses (Casa Firjan) e é dedicado a discutir novas ideias.

Vencedor na categoria País, o zoólogo Paulo Buckup, pesquisador do Museu Nacional, disse receber o Faz Diferença não como um prêmio, mas como uma homenagem a todas as pessoas que enfrentaram o incêndio, em setembro do ano passado, para salvar peças do Museu Nacional. Buckup correu para a Quinta da Boa Vista assim que soube do fogo. Aos 60 anos, 24 deles trabalhando no museu, o professor do Departamento de Vertebrados juntou cerca de 40 voluntários e foi à luta. O grupo arrombou portas e enfrentou labaredas.

– Não vejo motivo para comemorar. Isso não é um prêmio. É um reconhecimento da capacidade dos funcionários, cientistas e pesquisadores – afirmou o pesquisador, que recebeu o prêmio das mãos da editora-executiva Maria Fernanda Delmas e da editora de País, Maiá Menezes.

Ao receber o Prêmio Faz Diferença na categoria Economia, o ex-presidente do Banco Central Ilan Goldfajn afirmou que o país precisa de instituições independentes e de pessoas que não dependam do governo.

– Estou honrado e feliz. Esse reconhecimento foi a uma instituição, o Banco Central. O país precisa de instituições que não dependam de um governo ou de outro governo. São instituições de Estado a serviço de todos nós — ressaltou o economista, que recebeu a premiação da editora de Economia do GLOBO, Luciana Rodrigues, e do colunista Lauro Jardim.

O diretor de Mídia Impressa do Grupo Globo, Frederic Kachar, e o presidente da Firjan entregaram o Prêmio Faz Diferença na categoria Desenvolvimento do Rio à White Martins, representada por seu presidente, Gilney Bastos, que ressaltou o papel inclusivo da companhia.

– Somos uma empresa focada na inclusão, em ações de cidadania e no crescimento do Rio e do Brasil. Esperamos fazer uma contaminação nas outras empresas com ações de cidadania cujo o objetivo é o desenvolvimento do Rio — afirmou.

Vencedor na categoria Rio, o criador da Orquestra Maré do Amanhã, Carlos Eduardo Prazeres, definiu sua vitória como “um reconhecimento fantástico ao projeto”. Ao receber a premiação das mãos da editora de Rio, Gabriela Goulart, ele dedicou a vitória aos seus alunos e à comunidade.

— Este prêmio é de toda uma comunidade. Meninos e meninas que acreditaram nessa loucura. Este é um projeto que está transformando a vida de crianças na Maré – afirmou.

Oito anos depois de criada por Carlos Eduardo, a Orquestra Maré do Amanhã atende 3,5 mil meninos da comunidade. Do currículo da orquestra principal — com 40 instrumentistas, entre 13 e 19 anos — consta a emoção de ter se apresentado para o Papa Francisco, no Vaticano.

A edição deste ano trouxe um prêmio especial para o Corpo de Bombeiros de Minas Gerais pelo trabalho desempenhado após o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, em janeiro. Ao receber o prêmio das mãos dos editores-executivos Flávia Barbosa e Pedro Dias Leite, o coronel William da Silva Rosa, que representou a corporação,  pediu um minuto de silêncio pelas vítimas da tragédia em Minas e também pelos meninos mortos no Centro de treinamento do Flamengo.

O atleta rubro-negro Jhonata Ventura, uma das vítimas do incêndio e que ainda está hospitalizado, também recebeu uma homenagem especial.

O coronel, que também atuou na tragédia de Mariana, afirmou que os bombeiros não descansarão até que o último corpo do acidente da barragem seja encontrado.

– Para as famílias que toda quarta-feira, às 10h30m, se reúnem com os bombeiros para verificar o andamento das operações, quero dizer a eles que somos especializados no impossível. Só sairemos daquela ocorrência com o último corpo para a família poder fazer o funeral. Ou se isso for absolutamente impossível, com uma resposta plausível a todos – garantiu.

Grávida de seu primeiro filho, a atriz Tatá Werneck recebeu das mãos da colunista Patrícia Kogut o prêmio na categoria Segundo Caderno/TV. Ela subiu ao palco da Casa Firjan carregando um balde com a etiqueta Chanel, uma piada em referência aos enjoos durante a gestação.

— Eu sempre fui a louca da escola, da academia, da igreja. Na TV, foi diferente. Me encontrei nela. Isso só se deu pelo olhar generoso das pessoas. A minha transformação de louca em engraçada se deu pela mudança de olhar do público. Dedico esse prêmio a todas as mulheres que também não são compreendidas — agradeceu Tatá.

Caetano Veloso e os filhos Moreno, Zeca e Tom foram premiados na categoria Segundo Caderno/Música pelo show “Ofertório”, que durante todo o ano passado emocionou plateias pelo Brasil e no exterior.

O prêmio foi entregue pelo colunista Ascânio Seleme e cada um dos integrantes agradeceu pela premiação.

— Muito obrigado. Eu sou Caetano, Moreno, Zeca e Tom Veloso. E quero que cada um de nós fale também, agradecendo ao GLOBO pela ideia de incentivar que se faça a diferença – afirmou Caetano apresentando cada um dos filhos.

A  nova montagem do clássico “Grande sertão: veredas” valeu à diretora Bia Lessa o Prêmio Faz Diferença na categoria Segundo Caderno/Teatro. Ao receber o troféu das mão da editora de Cultura, Fátima Sá, Bia agradeceu à mãe, às filhas e aos “seus mestres”, antes de pedir “união para criar um mundo melhor”:

— Quero dizer que estou muito aflita com o mundo e com o Brasil. Estamos em um momento de retrocesso. Peço aos negros, aos índios, aos ricos, aos pobres, aos riquíssimos e aos pobríssimos que se unam para criar um mundo melhor. Esse que está não dá. Precisamos voltar a ter uma democracia.

Ao receber o Prêmio Faz Diferença na categoria Mundo, o padre Paolo Parise, coordenador da Missão Paz, que oferece apoio a imigrantes de cerca de 80 nacionalidades em São Paulo, agradeceu sua equipe e pediu um mundo com menos fronteiras.

– Esse é um prêmio que reconhece todos aqueles que querem fazer a diferença, e estamos num momento em que o mundo requer menos fronteiras e mais cabeça aberta. Esse é o momento em que todos nós devemos nos doar um pouco mais, e lembrar que todo mundo já foi filho de um imigrante um dia — afirmou o religioso, que recebeu o troféu das mãos da editora executiva Fernanda Godoy e da editora de Mundo, Claudia Antunes.

Responsável pelo programa Ministério Público pela Educação, que investiu recursos recuperados da Lava-Jato na reforma de escolas, a procuradora da República Maria Cristina Manella foi premiada na categoria Sociedade/ Educação. Ao receber a homenagem de Alexandre Freeland, diretor de Projetos Estratégicos do GLOBO, e do editor de Opinião, Aluizio Maranhão, a procuradora defendeu mais investimento na Educação.

– Só a educação pode promover o acesso a uma vida digna e à plena cidadania.

Os médicos Dani Ejzenberg, Wellington Andraus, Edmund Baracat e Luiz Carneiro, do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, receberam o Prêmio Faz Diferença na categoria Ciência com a pesquisa que resultou no nascimento do primeiro bebê saudável gestado em útero transplantado de uma doadora morta, no mundo. O trabalho foi reconhecido pela comunidade médica internacional ao ser publicado na revista Lancet.

— Quero agradecer aos leitores do GLOBO que acreditaram em nossa pesquisa — disse Ejzenberg ao receber o prêmio do colunista Bernardo Mello Franco e do chefe da sucursal do GLOBO em Brasília, Paulo Celso Pereira. — Numa época em que a vida parece ter um valor tão pequeno, nós fizemos um grande esforço para que se gerasse uma única vida. Isso pode trazer esperança para muitas mulheres.

Considerado o maior artista plástico brasileiro vivo por muitos dos seus pares, Cildo Meireles, de 71 anos, recebeu a premiação na categoria Segundo Caderno/Artes Visuais.

– Só tenho a agradecer a todas as pessoas que me trouxeram aqui, razão de estar aqui essa noite – disse após receber o prêmio do editor executivo Alessandro Alvim.

A vencedora na categoria Caderno Ela, a ativista Kenia Maria lembrou as mortes da vereadora Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes, e pediu consciência na luta contra o racismo e a desigualdade social para as pessoas do topo da pirâmide social no Brasil.

– Esse prêmio pertence a homens e mulheres que estão há 500 anos lutando pelo país. Aos atores que lutaram pelo Vidigal, à hashtag #mariellepresente que nos conforta enquanto não descobrimos quem matou Marielle e Anderson. Ao Brasil que matou mulheres, negros e índios e que ocupa o topo da pirâmide social. O meu apelo é que essas pessoas se conscientizem e também façam a diferença – pediu a  primeira Defensora dos Direitos das Mulheres Negras da ONU no mundo, cujo prêmio foi entregue pela editora da Revista Ela, Marina Caruso, e por Letícia Sander, chefe da sucursal de São Paulo.

O escritor, tradutor e professor titular de Literatura Comparada da Faculdade de Letras da UFRJ Marco Lucchesi recebeu o prêmio na categoria Segundo Caderno/Livros dos colunistas Merval Pereira e Zuenir Ventura. Ele ressaltou a importância de se valorizar a literatura e os escritores.

– É uma grande satisfação, sobretudo porque esse é um movimento que se realiza no Brasil em favor de um elemento cultural que às vezes fica um pouco esquecido, não apenas a literatura, mas também os escritores — afirmou Lucchesi.



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