O magnata americano Elon Musk pode ser uma figura pitoresca, mas nada tem de louco. Pelo contrário. A valorização das ações da Tesla, montadora comandada por Musk, no pregão da Nasdaq, bolsa que concentra papéis de empresas voltadas à tecnologia nos Estados Unidos, mostra que o milionário é um homem de visão. Com alta de 1,4% de suas ações na terça-feira, 22, a companhia se tornou a primeira montadora a ultrapassar o valor de mercado de 100 bilhões de dólares — mais do que as gigantescas General Motors (GM) e Ford combinadas. As duas americanas são, respectivamente, avaliadas em aproximadamente 50 bilhões de dólares e 37 bilhões de dólares. Aos incautos, porém, a comparação pode parecer inacreditável.
A GM é conhecida por manter em seu guarda-chuva marcas como a Chevrolet e a Hummer. A Ford mantém modelos como a EcoSport e o Fusion — todos consagrados e, não raro, vistos pelas ruas. Já a Tesla, que vende-se com a proposta de impulsionar o mercado de veículos híbridos e elétricos, é percebida com menos frequência pelas avenidas das grandes metrópoles do Brasil. Os números explicam: a General Motors vendeu 8,4 milhões de veículos ao redor do mundo em 2018. A Ford, por sua vez, emplacou 6 milhões rodando por aí. Já a Tesla, mais tímida, vendeu apenas 245 mil carros no ano retrasado — poluindo bem menos, claro. E como uma empresa com uma presença tão ínfima em relação aos concorrentes pode ter um valor de mercado tão superior? Reposta: o futuro.
“Inovação, tecnologia e carros à frente de seu tempo. Com Musk no comando, a empresa tem bom marketing e presença na mídia”, explica Milad Kalume Neto, gerente da consultoria automotiva Jato Dynamics. O investimento em novas tecnologias, portanto, e o potencial de crescimento exponencial da Tesla — com a aposta em carros movidos a energia limpa — motivam os investidores a apostar na empresa de Elon Musk, enquanto as tradicionais montadoras comem poeira ao apresentar novas tecnologias. “A Ford e a GM passaram por uma grave crise financeira há dez anos. Ficaram para trás nos quesitos de inovação e desenvolvimento. Não foram capazes de lançar essa tendência”, afirma Kalume Neto.
Mas não é só de amanhãs que vive a bonança da Tesla. A montadora viu dobrar o valor de suas ações listadas na bolsa americana nos últimos dois meses, graças à expectativa de crescimento da empresa com a expansão no gigantesco mercado chinês — os trabalhos avançados na construção da primeira fábrica da empresa no país — e os ótimos resultados registrados no terceiro trimestre do ano passado, com receitas de 6,3 bilhões de dólares, acima das expectativas do mercado.
Ambicioso (às vezes, até demais) e midiático, Musk aposta no envio ao homem para colonizar Marte, investe pesado em energia solar e vende protótipos de veículos que ultrapassam os 400 quilômetros por hora. Parece que pés no chão, ao contrário do que parece, não são a chave para o sucesso.
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