Não é de hoje que o prefeito Bruno Covas usa a aposentadoria de professores e diretores de escolas da rede pública para justificar a reforma previdenciária municipal.
Na segunda-feira (28), em entrevista no programa Roda Viva, da TV Cultura, o tucano voltou a usar o mesmo exemplo. “Nossa reforma aqui não foi apenas para aumentar a alíquota. Não tem mais aposentadoria no valor integral. A gente mexeu numa disparidade muito grande”, disse Covas. “Em São Paulo, um professor se aposenta recebendo, em média, 10 000 reais. Um diretor de escola, com 16 000 reais. É muito acima”.
O tucano já tinha utilizado esses valores assim que sentou na cadeira de prefeito, em abril, durante entrevista à rádio CBN.
Segundo dados disponíveis no portal Contas Abertas, da prefeitura, referentes ao mês de janeiro, cerca de 63,5% dos professores da rede pública recebem uma aposentadoria maior ou igual a 10 000 reais. Já 74,5% dos diretores de escola aposentados ganham valores maiores ou iguais a 16 000 reais.
Em janeiro, o site da prefeitura informou que a rede pública conta com um total de 29 067 professores e 1 824 diretores aposentados.
O projeto da reforma foi aprovado pela Câmara em 26 de dezembro de 2018 e sancionado pelo tucano no dia seguinte. Ela foi proposta pela própria prefeitura. Com a nova regra, a contribuição dos funcionários públicos passará de 11% para 14%. Além disso, o projeto estabelece a criação de um sistema previdenciário complementar para novos trabalhadores, com remuneração superior ao teto de 5 600 reais.
A prefeitura diz que o rombo na previdência municipal é de 5,4 bilhões de reais. A previsão era de que, em 2019, esse valor subisse para 6,1 bilhões de reais. Com o aumento da contribuição, a administração deixará de gastar aproximadamente 400 milhões de reais.