Especialistas dizem que pode ser cedo para iniciar a flexibilização em São Paulo. Isso porque a curva do número de casos e mortes por coronavírus ainda é ascendente e uma pessoa infectada pode transmitir a covid-19 para outras três. O ideal, segundo os especialistas, seria flexibilizar a quarentena com a curva descendente e com a taxa de contágio em torno de 1.
“Não acredito que já estejamos prontos. Não só São Paulo, mas o Brasil todo. Não está na hora de flexibilizar o isolamento. Não temos nenhum indicativo de que estejamos no pico de infecção. Temos a vantagem de olhar para trás e ver o que funcionou e o que não funcionou em outros países. O principal critério que vem dando certo é flexibilizar no declínio da curva. Os países europeus começaram a flexibilizar agora e estão mais ou menos um mês na nossa frente”, afirmou o presidente do comitê científico da Sociedade Brasileira de Imunologia, João Viola.
O epidemiologista Airton Stein, professor titular de saúde coletiva da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), lembra que é preciso definir estratégias para flexibilizar a quarentena. “Não tem solução mágica, as medidas de isolamento social são necessárias. Hoje a taxa de transmissão é muito alta, e as restrições só deveriam ser afrouxadas com a taxa em torno de 1. É preciso testar para detectar os casos precocemente. O problema é fazer a flexibilização sem essas estratégias.”
A nova quarentena em São Paulo será “heterogênea”, com regras diferentes para as distintas regiões. Interior e litoral devem ter as medidas afrouxadas mais brevemente – na capital e região metropolitana as restrições devem permanecer por mais tempo. Para Elize Massard da Fonseca, coordenadora de projeto que analisa as medidas de enfrentamento ao coronavírus, a estratégia de dividir o Estado pode não funcionar.
“Não adianta se não houver controle na circulação das pessoas. Acho importante entender quais evidências o governo teve para adotar as novas medidas, não acredito que tomariam uma decisão sem informação. Mas pelo histórico temos visto que essas decisões não têm sido bem planejadas, como as medidas do rodízio e do bloqueio de vias que duraram uma semana. Esperamos que desta vez tenha alguma evidência que embase as novas medidas”, disse.
O professor Sérgio Roberto de Lucca, da área de saúde do trabalhador do departamento de saúde Coletiva da Unicamp, alerta para o baixo número de testes de coronavírus. “Estamos trabalhando no escuro, faltam dados do que realmente está acontecendo.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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