Das roupas baratas ao e-commerce, como a Forever 21 foi do auge à falência

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Embora tenham contribuído para o sucesso da varejista Forever 21 durante anos, as blusinhas a preços baratos e de qualidade duvidosa também foram uma das razões para a sua queda. Sua falta de visão para as mudanças no consumo e para o avanço do comércio eletrônico também levaram a empresa a dificuldades. A varejista americana de moda informou neste domingo (29), que vai entrar com pedido de recuperação judicial nos EUA. 

O pedido encerra meses de especulação sobre a continuidade das operações da empresa, que chegou a ficar sem caixa para comprar novas roupas e repor os estoques em loja. A varejista, que não é cotada em bolsas e não informou números da operação, disse que vai buscar maximizar os resultados das lojas remanescentes nos EUA. Ela atua no Brasil desde 2014, negócio que deve ser mantido.

Ao lado da Zara e da H&M, a Forever 21 cunhou o termo fast fashion. Ao invés de oferecer roupas novas em coleções, a cada mudança de estação, a empresa lança novidades a um ritmo frenético. Mas, se antes jovens e adolescentes buscavam as lojas da empresa para comprar as últimas novidades e descartar as peças após pouco uso, hoje hábito de consumo mudou. Valores como sustentabilidade se tornaram relevantes para o público jovem, preocupado com o dano que o consumo desenfreado de roupas pode causar ao meio ambiente.

O apelo pela sustentabilidade é só um dos muitos motivos, já que a modalidade de fast fashion continua forte para outras marcas. Concorrentes oferecem peças com uma qualidade ligeiramente maior por alguns dólares a mais. A rival da Forever 21, H&M, apresentou crescimento de 10% nas vendas no primeiro semestre do ano. A companhia não tem lojas no Brasil.

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A expansão geográfica da rede também foi frenética. Em menos de seis anos, a empresa foi de sete a 47 países, o que aumentou a complexidade do negócio. Com lojas gigantes em espaços de destaque, como a Times Square em Nova York, a empresa usou a expansão como marketing, sem perceber o impacto que o comércio eletrônico poderia ter em suas operações.

Risco ainda maior para os shopping centers

O caso da Forever 21 é o mais emblemático das mudanças de hábitos dos consumidores nos Estados Unidos e no mundo. Com o avanço do comércio eletrônico, os shopping center e grandes lojas de departamento sofreram com a queda de visitas e vendas.

Apenas este ano, cerca de 8.200 lojas fecharam nos Estados Unidos, mais do que as quase 5.600 unidades fechadas no ano passado no país, de acordo com uma pesquisa da Coresight Research. O número de unidades fora de operação esse ano pode chegar a 12.000, segundo o levantamento.

A queda da Forever 21 não afeta apenas a companhia. Muitas de suas lojas estão localizadas em shopping centers mais distantes e de menor qualidade, disse Jon Goulding, executivo da consultoria Alvarez & Marsal, que está liderando o projeto de reestruturação da empresa para a New York Times. Esses foram justamente os shoppings que mais sofrem com a crise do varejo nos Estados Unidos e já perderam outras lojas âncora importantes, como as lojas de departamento Sears ou Macy’s.

Apesar do cenário devastador, é só o começo. Um relatório do UBS acredita que mais de 75 mil lojas devem fechar na América do Norte entre 2019 e 2026.

Reestruturação

Em carta aos seus consumidores, a empresa diz que o pedido de falência protege seus negócios, “para que as lojas continuem operando normalmente enquanto ela toma passos positivos para reorganizar o negócio, retornar para a lucratividade e focar novamente em entregar estilos incríveis e moda ainda por muitos anos”.

“Este foi um passo importante e necessário para garantir o futuro de nossa empresa, o que nos permitirá reorganizar nossos negócios e reposicionar a Forever 21”, disse Linda Chang, vice-presidente executiva em comunicado. A vice-presidente é filha de Do Won e Jin Sook Chang, imigrantes coreanos que fundaram a companhia em 1984 e ainda são seus acionistas controladores.

A companhia reforça que a empresa não irá deixar de operar e que as lojas, negócios e benefícios continuarão funcionando, mas que está estudando quais lojas deve fechar nos próximos meses. 

Cerca de 350 unidades deverão ser fechadas em todo o mundo, incluindo quase 180 nos Estados Unidos. A empresa deverá sair de mercados internacionais como a Ásia e Europa, mas deve continuar a operar na América Latina. Atualmente a empresa tem 549 lojas nos Estados Unidos e 251 no resto do mundo.

Para continuar a operar, a empresa afirmou que recebeu 275 milhões de dólares em financiamento do banco JPMorgan Chase e 75 milhões em capital da TPG Sixth Partners.

No ano passado, o faturamento da companhia foi de 3,3 bilhões de dólares, contra seu melhor resultado em 2016, de 4,4 bilhões de dólares. O número de funcionários também caiu, de 43.000 para 32.800 no mesmo período. Com a reestruturação, a empresa espera chegar a 2,5 bilhões em vendas anuais.

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