O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve a sua política monetária de trajetória descendente dos juros e reduziu pela sétima vez consecutiva a Selic, a taxa básica da economia brasileira. O corte anunciado nesta quarta-feira, 6, foi de 0,75 ponto percentual e surpreendeu boa parte dos economistas, que esperavam uma redução menor. A Selic está agora no nível de 3% ao ano, a nova mínima histórica. O ajuste monetário ocorre em um momento em que a economia brasileira, e a mundial, enfrenta uma das piores crises da história, causada pela pandemia do novo coronavírus, que levou ao isolamento social e paralisou as atividades no planeta.
“Considerando o cenário básico, o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis, o Copom decidiu, por unanimidade, reduzir a taxa básica de juros em 0,75 ponto percentual, para 3,00% ao ano. O Comitê entende que essa decisão reflete seu cenário básico e um balanço de riscos de variância maior do que a usual para a inflação prospectiva e é compatível com a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante, que inclui o ano-calendário de 2021”, informou a autoridade monetária, em comunicado.
A decisão do Copom foi baseada no impacto recessivo da Covid-19 sobre a economia, o que tem reduzido os índices de inflação. Em março, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do Brasil, foi de 0,07%, a menor taxa para o mês desde 1995. Economistas já começaram a rever fortemente a previsão de alta dos preços deste ano para cerca de 2%, bem abaixo do centro da meta definida pelo Conselho Monetário Nacional, que é de 4%. Com o cenário de inflação baixa, especialistas preveem mais uma redução, ao menos, da Selic neste ano, na próxima reunião que acontecerá em 17 de junho.
No mercado financeiro, as apostas para um corte mais profundo da Selic aumentaram ao longo da semana. Nesta quarta, os contratos de maio e junho de 2020 de Depósitos Interbancários (DI) fecharam com uma taxa de juros de 3,07% e 2,97% ao ano, respectivamente. Isso indicava que alguns analistas macroeconômicos de corretoras e bancos previam um corte de 0,75 ponto percentual, e não apenas de 0,5 ponto percentual.
Neste momento, mesmo a Selic estando no menor patamar da história, ela sozinha não conseguirá estimular a economia, mas será útil para quando a economia começar a ensaiar uma recuperação. “Todos os atores da economia, que estão neste momento com dificuldades de produzir, de vender e de consumir, vão ganhar tempo com os juros baixos e não terão a evolução de seus passivos de forma tão rápida ao ponto de inviabilizar a empresa. O juro baixo concede tempo para esperar a crise passar e reorganizar a economia”, explica a economista-chefe do banco Santander Brasil, Ana Paula Vescovi, ex-secretária do Tesouro Nacional e ex-secretária-executiva do Ministério da Fazenda no governo Michel Temer.
A Selic é usada como referência para todas as outras taxas de juros do mercado brasileiro e serve como instrumento de política monetária para controlar a inflação e estimular o consumo. Com a Selic em baixa, o crédito pode ficar mais barato, estimulando compras e, assim, aquecendo a economia. A sequência de cortes começou em julho de 2019, após a taxa ficar estável em 6,5% ao ano durante 18 meses.
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