São Paulo – Na juventude, Nassim Taleb ficou doente diversas vezes. Não que tivesse problemas de saúde; o problema era o seu trabalho na bolsa que basicamente consistia em berrar ao telefone ordens de compra e venda de papéis. “Eram tantos corretores gritando ao mesmo tempo que inevitavelmente caía um perdigoto na minha boca”, disse o ex-trader e atualmente um dos principais autores de finanças, arrancando gargalhadas da plateia no evento do Instituto de Formação de Líderes (IFL), em São Paulo, na noite de sexta-feira.
Depois de trabalhar durante 20 anos em grandes bancos, como Credit Suisse First Boston, UBS, BNP Paribas, Indosuez (agora Calyon) e Bankers Trust (agora Deutsche Bank), além da sua própria consultoria, Taleb desistiu dos pregões. O megainvestidor, que ganhou dinheiro com a crise de 1987, chegou a pensar em ser tenista, mas sabia que perderia a concentração no meio da partida. Também considerou ser enxadrista. O problema é que dormiria durante os jogos.
A alternativa foi se debruçar sobre os livros de matemática e se tornar pesquisador – atualmente ele leciona finanças e engenharia de risco na Politécnica da Universidade de Nova York (NYU Tandon School of Engeneering Institute). Naquele momento, ele descobriu que o que ele lia não condizia com a realidade. E o motivo era simples: os especialistas que discorriam sobre as operações financeiras em enciclopédias e apostilas nunca tinham colocado os pés na bolsa.
O problema dos experts é exatamente esse: não arriscam a própria pele (título do sexto livro de Taleb, “Arriscando a própria pele: Assimetrias ocultas no cotidiano“). “Há uma falácia nesse sentido. O mundo real não se relaciona com o mundo dos livros.” Essa constatação serve para diversas profissões: desde economistas, passando por burocratas até chefs de cozinha, que são julgados por seus pares e não pelos consumidores, por exemplo. “Não existe uma premiação para os melhores encanadores do mundo, porque o consumidor leva 30 segundos para detectar se o serviço está bem feito ou não. Basta ver se a torneira continua pingando. O mesmo acontece com os pilotos de avião. Os piores estão debaixo d’água no oceano Atlântico (no caso do voo Brasil – França) e no Índico (com os voos da Malaysian Airlines).”
Fato é que esses profissionais geram riscos e assumem as consequências, diferentemente dos burocratas que discutem hoje a saída do Reino Unido da União Europeia. “Os burocratas que vão decidir o futuro do Brexit parecem estar à parte da Europa, como se Bruxelas fosse um local separado e não houvesse qualquer relação com a realidade.”
O autor de “A lógica do cisne negro” e “O leito de Procusto: coisas que se beneficiam com o caos” questiona e até ridiculariza essa postura. Para evitar a segregação, ele afirma que basta seguir regras simples de simetria. Tratar os outros como gostaria de ser tratado e não tratar os outros como não gostaria de ser tratado.
“Pode parecer simplório, mas não é possível transferir nem ignorar riscos. Isso serve tanto para os motoristas de ônibus quanto para o presidente do Citi. Só é real quando as pessoas assumem os riscos”, diz ele que reside nos Estados Unidos, no Reino Unido e no Líbano.
É por isso que, quando os jovens perguntam-lhe a carreira que deveriam seguir, ele responde “arrisquem suas peles, abram uma empresa”.
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