Araújo diz que ‘diplomacia com sangue e alma’ explica aproximação com EUA e Israel

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RIO – Em palestra no Conselho Argentino para as Relações Internacionais (Cari), o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, defendeu a prioridade dada pelo governo de Jair Bolsonaro (PSL) às parcerias com Estados Unidos e Israel e pregou, ainda, o fortalecimento das relações com a China. De acordo com o chanceler,  “as relações com EUA e China têm caráter diferente e devem se organizar de forma diferente” e  “muitas vezes as coisas que podemos fazer com um não podemos fazer com o outro… é preciso vencer os bloqueios mentais”.

— O que estamos tentando fazer (no Brasil) é desbloquear energias e ideias — disse Araújo para uma plateia de intelectuais, ex-embaixadores e acadêmicos argentinos.

 

O chanceler assegurou, ainda, que “a diplomacia sem sangue e sem alma não funcionou como parte de um projeto de país”. Segundo ele, o país “perdeu batalhas, a corrida tecnológica”. E completou: 

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— Mas agora temos uma política determinada pelo presidente Bolsonaro que nos leva aos principais centros tecnológicos (do mundo) como EUA e Israel. Trata-se de recuperar o tempo perdido.

Ao defender a relação com a Argentina, Araújo afirmou que “precisamos um do outro para continuar recuperando esse tempo perdido”.

— Estamos tentamos nos reconectar com o Ocidente democrático — frisou o ministro.

Araújo referiu-se ao discurso de Bolsonaro no foro mundial de Davos como algo que poderia ter inspirado um conto do escritor Jorge Luis Borges, já que “deve ser o primeiro presidente que mencionou a palavra Deus” (em Davos).

Em outro momento da palestra, Araújo lembrou o filme “Tango, o exílio de Gardel”, do cineasta argentino Fernando “Pino” Solanas (há anos uma referência da esquerda política local).

— Nos anos 80 me lembro de ter assistindo “Tango, o exílio de Gardel”, não me lembro se era bom, mas falava da Argentina como uma grande nação inacabada… o Brasil é uma grande nação inacabada, uma grande nação que nunca chega a sê-lo. Estamos tentando agora com nossos modestos meios — afirmou o ministro.

Após a palestra, Araújo conversou com jornalistas brasileiros e argentinos e ao ser perguntado sobre a diferença entre as ditaduras que viveram ambos países respondeu, mas sem usar a palavra “ditadura”:

— A nossa experiência histórica é uma e a da Argentina é outra, o importante é que tem havido no Brasil a rediscussão de várias coisas sem a ideia de que a História é um quarto trancado com as coisas lá dentro sem que ninguém possa entrar. Sobretudo discutir fatos históricos, as percepções históricas a partir das realidades e não de palavras. Golpe, não golpe? Depende como você define golpe, o importante é entender as circunstâncias, o que levou a um determinado movimento ou não. Não deixar a História fechada à chave, seja a História nacional ou mundial, não quero entrar em tema da História argentina, porque conheço pouco.

Sobre a crise venezuelana, Araújo reiterou que o Brasil está “convicto” de que possível uma restauração da democracia sem que seja necessária uma ação militar. Nesta quarta-feira, Araújo  se reunirá com seu colega de pasta argentino, Jorge Faurie, para definir a data de uma futura viagem do chefe de Estado brasileiro à Argentina.



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