13 fatos sobre Hitler e o nazismo

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1 – Heil Schicklgruber

É meio difícil imaginar que o fanático grito de “Heil, Hitler!” (Salve, Hitler!) poderia ter sido “Heil, Shicklgruber!”. É que o pai de Hitler, o carrancudo e rabugento Alois, era filho de Maria Anna Schiklgruber, que era mãe-solteira quando nasceu o futuro pai do autor dos maiores massacres da História da Europa Ocidental. E ele foi Alois Schicklgruber até os 40 anos de idade, quando decidiu usar o sobrenome de seu padrasto Johann Georg Hiedler. Mas, na hora de registrar seu novo sobrenome, Herr Schicklgruber anotou “Hitler” em vez de “Hiedler”.

Alois causou-se duas vezes e ficou viúvo em ambas, até que se desposou por terceira (e última vez). A nova mulher, Klara Pölzl. Tiveram seis filhos, mas só uma menina e um menino sobreviveram. O menino era Adolf. Ele salvou-se por pouco de cansar seus simpatizantes dando gritos com o longo “Schiklgruber”. Mas, sempre é possível dar um jeito. O ditador espanhol, Francisco Franco tinha a facilidade das duas sílabas. Seus fanáticos gritavam Fran-co, Fran-co. Mussolini, ao ver que ninguém gritaria quatro sílabas compassadas, bolou o grito de “Duce!” (líder) de apenas duas sílabas.

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O pai de Adolf Hilter, Alois Schicklgruber Foto: Keystone-France / Gamma-Keystone via Getty Images

Hitler nasceu na cidade de Branau am Inn, no império Austro-Húngaro, em 20 de abril de 1889. O ditador morreu em Berlim, no dia 30 de abril de 1945, quando as tropas de seu principal inimigo, o líder da extrema-esquerda Joseph Stálin, estavam a 300 metros de distância no bunker onde se escondia. Hitler se matou com uma pílula de cianureto e um tiro na nuca.

2 – “Heil Hitler” E… “Heil eu?” (A origem romana-francesa do braço esticado)

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O humorista judeu americano Mel Brooks costumava comentar, brincando, que sempre lhe havia gerado curiosidade o que Hitler poderia dizer quando alguém o cumprimentava com a saudação “Heil, Hitler”!: “Mas o que ele dizia? Heil eu mesmo??”

A saudação tornou-se obrigatória na Alemanha nazista para todos o cidadãos (e não somente os filiados ao partido nazista). Hitler, mais além da piada de Brooks, respondia calado, dobrando o braço, levantando sua mão à altura do ombro, mostrando a palma da mão para a frente.

Os cidadãos deviam esticar o braço direito com palma para baixo. Hitler havia copiado a saudação do braço esticado de seu colega ditador, o italiano Benito Mussolini, que desde 1919 fazia que seus seguidores cumprimentassem dessa forma. A saudação tornou-se obrigatória dentro do partido nazista a partir de 1923. Com a chegada dos nazistas ao poder, ficou o obrigatório para todos os funcionários públicos a partir de 1933. 

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Benito Mussolini e Adolf Hitler, durante visita do líder da Itália fascista à Alemanha nazista Foto: Bettmann / Bettmann Archive

Voltando a Mussolini: o braço esticado para a frente era chamado de “saudação romana”. No entanto, não existe descrição alguma dessa saudação em pinturas ou esculturas da civilização romana. O “culpado” é o pintor francês Jacques-Louis David (1748-1825), que fez vários quadros retratando pessoas da civilização romana fazendo essa saudação. A imagem foi mais forte do que a realidade — e, a partir de seus quadros, outro pintores retrataram romanos fazendo essa saudação.

3 – Bandeira do partido transforma-se na bandeira nacional

Quando Hitler tornou-se chanceler do Reich em 1933 a bandeira alemão de cores horizontais preta, vermelha e amarela foi abandonada e substituída pelas cores da Alemanha imperial, a preta, branca e vermelha. E, simultaneamente, foi adotada a bandeira do partido nazista, de fundo vermelho carmim, círculo branco e a suástica dentro. As mesmas cores da bandeira imperial (isto é, ao contrário do que indica a lenda nas redes sociais nos últimos anos, a cor vermelha não tinha nada a ver com as cores da bandeira soviética….da mesma forma que tampouco tem a ver as faixas vermelhas da bandeira dos EUA ou a faixa vertical francesa)

Mas, dois anos depois Hitler aboliu a bandeira nacional. A partir dali, durante dez anos, só valeria a bandeira da suástica.

4 – Führer e reichskanzler

Quando o presidente Paul von Hindenburg morreu em agosto de 1934, Hitler – que era o “chanceler” (denominação do primeiro-ministro) – passou por cima da lei e, em vez de convocar eleições para presidente, por decreto combinou os postos de presidente e chanceler, criando o cargo duplo e de “Führer e Reichskanzler”.

5 – Pintor frustrado

Vários historiadores e autores de ficção-científica imaginam o que teria ocorrido à História mundial se Hitler tivesse conseguido alcançar seu sonho de juventude: ser um famoso pintor. Ele dedicava-se a aquarelas nas quais retratava paisagens urbanas e campestres. Mas, tal como o próprio Hitler contou em seu livro autobiográfico “Mein. Kampf” (Minha Luta), foi recusado duas vezes nos exames da Escola de Belas Artes de Viena em 1907 e 1908. Nas obras fica claro que tinha jeito para a arquitetura pelos detalhes dos edifícios. Mas a figura humana aparece sempre sem destaque, pequenas e sem feições.

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Uma das aquarelas pintadas por Adolf Hitler. Antes de se tornar o fuhrer da Alemanha nazista, Hitler havia estudado pintura na juventude Foto: Hugo Jaeger / The LIFE Picture Collection/Gett

6 – Hitler nunca ganhou pessoalmente uma eleição

Antes da Grande Depressão de 1929 os nazistas eram um pequeno partido que havia conseguido apenas uns marginais 2,6% dos votos nas eleições de 1928. Mas, em setembro de 1930 os nazistas tornaram-se o segundo partido mais votado, com 18,3% dos votos. Em julho de 1932 os nazistas, com o respaldo dos grande empresários da Alemanha, como Fritz Thyssen, chegaram a seu teto eleitoral, com 37,3%. Nas eleições de novembro de 1932 caíram um pouco, para 33,1%. Os nazistas não conseguiram maioria das cadeiras mas tornaram-se a primeira minoria.

Por esse motivo o presidente Hindenburg, embora relutante, o designou chanceler (primeiro-ministro). Isto é, Hitler foi designado sem nunca ter sido eleito pessoalmente para o Parlamento 

Aliás, ele havia perdido a eleição presidencial de abril de 1932. Nessa eleição Hindenburg teve 53% dos votos, Hitler conseguiu 36,8%, Ernst Thälmann com 10,2% e Theodor Duesterberg com 6,8%,

Após ter tomado posse como primeiro-ministro, em poucos meses Hitler baniu os outros partidos políticos e obteve poderes absolutos.

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O líder fascista inglês Oswald Mosley caminha entre apoiadores, em Londres Foto: Bettmann / Bettmann Archive

7 – Mosley, Franco e outros amigos

Ao longo dos anos 30 Hitler obteve a simpatia (e em muitos casos a aliança explícita) de vários líderes da extrema direita europeia, mais além de Mussolini, seu principal e mais problemático partner. 

Esse foi o caso do britânico sir Oswald Mosley, que copiou o estilo de Hitler, fundado a União Britânica de Fascistas, imitando a saudação com o braço estendido. Mosley e o BYF, considerados de extrema-direita, criou os “camisas-pretas”, inspirado nos camisas-pardas de Hitler. Mosley queria a invasão nazista de seu país. No entanto, foi preso até o fim da guerra e seu partido foi proibido; 

Francisco Franco, ditador espanhol, emblema da direita conservadora espanhola, também imitou a saudação nazista. Colaborou ativamente com Hilter. Mas, como a Espanha estava arrasada pela guerra civil que ele havia iniciado (1936-39), seu pais, faminto, não estava em condições de participar ativamente. Franco até tentou conseguir de Hitler territórios por intermédio da troca de favores. Ele propôs a Hitler livre passagem pela Espanha para que a Alemanha conquistasse Gibraltar. Mas, em troca queria várias colônias africanas da França, país que tinha um governo-títere de Hitler.

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Adolf Hitler, o führer da alemanha nazista, se encontra com o generalíssimo Francisco Franco, ditador da Espanha Foto: Time Life Pictures / The LIFE Picture Collection/Gett

Depois de invadir a Iugoslávia e desmembrá-la, Hitler permitiu que o líder da extrema-direita Anton Pavelic se tornasse o “polgavnik”, isto é, o “Fuehrer” croata. Pavelic era o líder dos ustashas, os fascitas da Croácia e instaurou um regime de torturas e assassinatos. Até os mais sádicos membros da SS de Hitler consideravam que Pavelic os ultrapassava em matéria de crueldade.

Hitler teria imitadores na extrema-direita da Bélgica, Noruega, Eslováquia, entre outros países.

8 – Hitler detestava o comunismo

Nos últimos tempos, pelas redes sociais, e com declarações públicas de políticos de países tropicais, circulou a fakenews de que Hitler era um “comunista” ou um “socialista”. Embora os dois principais alvos de Hitler fossem a aniquilação da União Soviética e o extermínio dos judeus, as lendas das redes circularam, na contra-mão das opiniões dos contemporâneos de Hitler, dos sucessivos governos alemães do pós-guerra (que sempre classificaram o líder nazista de extrema-direita) e dos mais famosos historiadores dos anos 20, 30 e da Segunda Guerra Mundial (que sempre classificaram o Fuehrer alemão e seu partido como um movimento na direita do leque ideológico).

Alguns políticos de direita em países subequatoriais insistem em não serem vistos como remotos vizinhos ideológico do extrema-direita Hitler, argumentando que o Fuehrer era “socialista” porque essa palavra estava no nome do partido nazista: Partido Nacional-Socialista Alemão”.

Neste caso, é só lembrar que, em matéria de nomes, os políticos usam termos que não cumprem. É o caso da República Popular Democrática da Coreia, o nome oficial da ditadura comunista da Coreia do Norte, país que não tem nada de “democrática”, apesar do nome. Ou, o Reino da Hungria, nome oficial da Hungria entre 1920 e 1946, período ao longo do qual não teve rei algum. Nesse caso, os húngaros eram governados pelo almirante Miklos Hórthy. E ele utilizava o título de “almirante”, embora a Hungria não tivesse mais acesso ao mar. 

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Propaganda anti-comunista feita pelo governo da Alemanha Nazista Foto: Print Collector / Print Collector/Getty Images

Ou ainda, o Partido Social Democrata (PSD), que existiu de 1945 até 1965, e que apesar do “social” no nome, estava longe de ter qualquer vínculo com o marxismo, pois era o grupo político que reuniu boa parte da oligarquia brasileira e que teve como presidentes do Brasil o marechal Eurico Gaspar Dutra e Juscelino Kubitschek, ambos presidentes de ótimas relações com os capitalistas Estados Unidos. Aliás, boa parte do PSD apoiou a ditadura militar de 1964 e participou da fundação da ARENA, o partido governista do regime.

E, de quebra, o “peixe-boi” – apesar de ter “peixe” no nome, não é um peixe, pois trata-se um mamífero aquático.

Em “Mein Kampf” Hitler relata como dava “gargalhadas” quando alguém chamava os nazistas de “esquerdistas”. Essa descrição está em um capítulo que tem um nome ilustrativo: “a luta contra a frente vermelha”.

Hitler criou uma perversa ideologia criada ao redor da ideia de uma raça pura. O socialismo é uma ideologia criada ao redor de uma ideia de classes, que não tinha nada a ver com delírios étnicos. Os líderes nazistas dos primórdios do partidom como Gregor Strasser, que simpatizavam com algumas ideias socialistas, como a redistribuição da riqueza e participação dos lucros foram tolerados por Hitler até a conquista do poder em 1933. Na sequência, essas figuras foram eliminadas (Strasser foi executado). Na ditadura de Hitler não houve nem redistribuição da riqueza nem das terras.

Em suas campanha polítcas Hitler usava o medo ao comunismo como forma de aterrorizar o eleitorado alemão. Da mesma forma que atualmente simpatizantes de lideres de direita afirmam na América do Sul “Fulano nos salvou de ser uma Cuba (ou uma Veneziuela) nos anos 30 nas ruas de Berlim os cidadãos alemães diziam “Hitler nos salvou de ser uma União Soviética”.

Na noite de 27 de fevereiro de 1933 o prédio do Reichstag (Parlamento) foi incendiado. Hitler colocou a culpa disso em uma “conspiração comunista” para “tomar o poder”. Desta forma, Hitler pediu e obteve a suspensão das liberdades individuais contidas na constituição. E, na sequência, prendeu ou excluiu do Parlamento os 81 deputados comunistas. Em maio daquele ano aboliu os sindicatos (que até esse momento haviam sido controlados pelos comunistas e socialistas).

9 – Pacto Ribbentrop-Molotov

Outra fakenews nas redes afirma que Hitler era comunista e que isso estaria provado pelo Tratado de Não-agressão entre a Alemanha e a URSS, conhecido coloquialmente pelos nomes dos ministros das relações exteriores de ambos regimes ditatoriais, o Pacto Ribbentrop-Molotov. O pacto, assinado no 23 de agosto de 1939, foi para evitar uma guerra entre ambos países durante um período. Hitler queria invadir a Polônia, sabia que isso geraria a reação da França e Grã-Bretanha e não queria ter uma guerra em duas frentes, tal como havia ocorrido com o Império Alemão na Primeira Guerra Mundial. Por isso decidiu fazer esse acordo temporário com o ditador soviético Josif Stálin.

O pacto de não-agressão durou menos de dois anos, pois acabou em junho de 1941 com a invasão de Hitler à URSS. Mais de 26 milhões de militares e civis soviéticos morreram na guerra.

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Adolf Hitler quando bebê, por volta de 1890 Foto: Hulton Archive / Getty Images

Hitler detestava nos comunistas. E, mais ainda, se eram comunistas e judeus simultaneamente. Ele odiava o criador do marxismo, Karl Marx, por suas ideias e porque era judeu. Da mesma forma detestava a União Soviética, já que parte da liderança bolchevique em seus primórdios havia sido judia. 

10 – Comunistas no campo de concentração de Hitler

“Quando os nazistas vieram buscar os comunistas, eu fiquei em silêncio; eu não era comunista. 

Quando eles prenderam os sociais-democratas, eu fiquei em silêncio; eu não era um social-democrata.

Quando eles vieram buscar os sindicalistas, eu não protestei; eu não era um sindicalista.

Quando eles buscaram os judeus, eu fiquei em silêncio; eu não era um judeu.

Quando eles me vieram buscar, já não havia mais ninguém para protestar.”

Esses são os famosos versos do pastor luterano Friedrich Gustav Emil Martin Niemöller (eventualmente atribuídos erroneamente ao dramaturgo Bertolt Brecht), que resumem os alvos de Adolf Hitler: comunistas e demais esquerdistas (inclusive os moderados), judeus, sindicalistas, entre outros (os capitalistas – sempre que não fossem judeus – não foram enviados aos campos de concentração por Hitler).

As estimativas indicam que em 1934 10 mil membros do Partido Comunista alemão foram presos e enviados a campos de concentração. Em 1935 outros 14 mil membros foram presos. Em 1936, 11.678. Em 1937, mais de 8 mil. Em 1938, 3.800. 

Nos campos de concentração os judeus eram marcados com a estrela de Davi de cor amarela. Os comunistas, junto com outros grupos de esquerda detestados pelos nazistas, como os socialistas, anarquistas e  sociais-democratas form marcado com um triângulo vermelho de pano.

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Caricatura “A batalha político literária”, de 1947, mostra Adolf Hitler e Josef Stálin disputando a partilha do mundo Foto: Roger Viollet / Roger Viollet/Getty Images

Uma das comunistas prisioneiras de Hitler era a alemã Olga Gutmann Benário. Ela havia se destacado nas lutas de ruas em Berlim nos anos 20 contra os militantes nazistas e posteriormente mudou-se para a URSS. Ali tornou-se agente soviética. Depois foi enviada por Moscou ao Brasil para acompanhar Luiz Carlos Prestes, líder do partido Comunista Brasileiro, com o qual se casaria. Em 1936 foi detida com seu marido no Rio de Janeiro pelas forças policiais do ditador Getúlio Vargas, um ferrenho anti-comunista que havia debelado a intentona comunista no ano prévio. Autocrata no comando do Estado Novo, Vargas entregou Olga ao Terceiro Reich. Ela morreu na câmara de gás no campo de concentração de Bernburg em 1942.

11 – Hitler, o vegetariano

Hitler consumiu carne até 1937. Mas já em 1938 o regime começou a divulgar a imagem de que havia se transformado em vegetariano. Em 1942 ele próprio se declarava vegetariano. Um de seus principais ministros, Albert Speer, indicou que Hitler não gostava do sofrimento dos animais que eram abatidos para servir de alimento às pessoas (embora não tivesse inconvenientes em enviar milhões aos campos de com concentração). Sua secretária Traudl Jung também confirmou, no pós-guerra, que o Fuehrer sempre evitava carne, embora, volta e meia saboreasse fígado. Várias testemunhas também sustentam que Hitler havia se tornado vegetariano para evitar sua frequente flatulência.

12 – Fugas para a América do Sul

No 8 de maio de 1945, quando o almirante Karl Dönitz assinava resignado a rendição incondicional do Terceiro Reich perante os representantes aliados, dezenas de milhares de criminosos de guerra nazistas buscavam apressadamente uma via de fuga. Os planos, em grupo ou separadamente, eram o de escapar a uma série de países onde pudessem se esconder. Nos dias seguintes ao 8 de maio as remanescentes tropas alemãs espalhadas por toda a Europa que ainda não haviam deposto armas, entregaram-se aos aliados. Os submarinos do Reich entregaram-se às forças aliadas em diversos portos do mundo.

Por esse motivo, dois meses e dois dias depois da rendição, no 10 de julho de 1945, o capitão de corveta Ramón Sayús, da base argentina de Mar del Plata, não podia acreditar em seus olhos quando às 7:30 da manhã um sinal luminoso vindo do mar anunciava: “german submarine”. Um submarino alemão e sua tripulação completa entregavam-se às autoridades argentinas.

Mar del Plata seria palco de outra impressionante chegada no 17 de agosto, quando um novo submarino chegou. Em ambos, não havia políticos ou militares alemães de nome. Mas nos mesmos dias, em diversas praias da região foram encontrados botes e caixas vazias flutuando com a suástica pintada. Ali começou a suspeita de que homens e dinheiro do regime nazista estariam desembarcando na Argentina.

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Adolf Eichmann, membro de alto escalão do partido nazista e um dos idealizadores do Holocausto. Na foto, o criminoso de guerra está em sua cela, em Israel, por volta de 1961 Foto: Gjon Mili / The LIFE Picture Collection/Gett

O desembarque dos nazistas acelerou-se quando Juan Domingo Perón tomou posse como presidente em 1946. Ele e sua esposa Eva Perón albergaram milhares de nazistas, aos quais entregaram passaportes forjados por intermédio das embaixadas da Argentina na Europa.

Entre os fugitivos, segundo a sede latinoamericana do Centro Simon Wiesenthal, situada em Buenos Aires, não menos de 300 criminosos de guerra, entre alemães, franceses, belgas, croatas e diversas outras nacionalidades de aliados do Reich. Adolf Eichmann, Josef Mengele (que posteriormente mudou-se para Paraguai e na sequência para o Brasil, onde morreu), Klaus Barbie, Gustav Franz Wagner, Franz Stangl, estiveram entre os principais “hóspedes” de Perón (e dos governos seguintes).

Perón utilizou o principal criminoso de guerra croata, Ante Pavelic, como chefe de sua guarda especial. Pavelic, líder do movimento croata Ustacha, responsável por massacres na Segunda Guerra Mundial contra sérvios, bósnios e judeus, trouxe à Argentina know-how sobre tortura. O presidente argentino forneceu a Pavelic, de extrema direita, 34 mil vistos para croatas simpatizantes que fugiam da Iugoslávia do comunista general Tito.

Depois, o ustacha fugiu para o Paraguai do general Alfredo Stroessner (de direita) e, na seqüência, para a Espanha, onde teve a proteção do generalíssimo Francisco Franco (de direita). Outros nazistas fugiram para o Chile, onde, nos anos 70 e 80, o ditador (de direita) Augusto Pinochet proibiu suas extradições. 

Os criminosos de guerra nazistas não fugiram para países com governos socialistas ou comunistas.

13 – Guia Hitlerista de Bariloche

Hitler suicidou-se em Berlim em maio de 1945. Mas, diversos autores publicaram polêmicas obras nas últimas décasas nas quais afirmam que ele teria fugido para a América do Sul junto com. Eva Braun e que teria falecido nos anos 60. Uma das obras sustenta que ele mudou-se para Bariloche, na Argentina, ao sopé da Cordilheira dos Andes. 

Um escritor, Abel Basti, aproveitou a lenda urbana nessa cidade turística da Patagônia para lançar, há uma década e meia, o livro “Bariloche Nazi – Lugares Históricos Relacionados com o Nacional-Socialismo”.

Além da delirante última residência de Hitler, a guia mostra com detalhes as casas e os lugares onde passeavam e se reuniam – na vida real – dezenas de criminosos de guerra – como Erich Priebke e Reinhard Koops – que nos anos 40 e 50 se esconderam nessa cidade. Outros nazistas, como Walter Kutschmann, Josef Schwammberger e Abraham Kipp também teriam passado pelo lugar. 

A polêmica do guia começa pela capa, na qual – por meio de uma foto-montagem – aparece uma estátua de Hitler no centro de Bariloche. Dentro, um mapa exibe o “tour nazista”, tal como em Hollywood os mapas mostram as casas das estrelas do show-business. 

Diversos comerciantes e políticos locais protestaram contra o livro, já que não queriam que Bariloche tenha a imagem de uma cidade nazista, nem que atraia hordas de militantes de extrema-direita de todo o mundo. 



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